terça-feira, 4 de agosto de 2015

CARTA AO MEU PAI

Para que os pais entendam o sofrimento de um filho destruído pelas drogas.
É um caso verídico ocorrido no Hospital 23 de Maio em São Paulo.
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Pai, 
     Acho que neste mundo ninguém chegou a descrever o seu próprio cemitério.
Não sei como o meu pai vai recebê-lo. Mas preciso de todas as minhas forças enquanto é tempo.

      Sinto muito, meu pai, acho que esse diálogo é o último que tenho com o senhor.
Sinto muito mesmo. Sabe pai... está em tempo de o senhor saber a verdade que nunca suspeitou. Vou ser breve e claro. O TÓXICO ME MATOU meu pai; travei conhecimento com os meus assassinos aos 15 para 16 anos de idade. É horrível, não pai?. Sabe como nós conhecemos isto? Através de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo e bem falante, que nos apresentou o nosso futuro assassino: o TÓXICO.

    
         Eu tentei, mas tentei mesmo recusar, mas o cidadão mexeu com meu brio, dizendo que eu não era homem. Não precisa dizer mais nada, não é...? ingressei para o mundo do tóxico. No começo foram as tonturas, depois o devaneio e a seguir a escuridão. Não fazia nada sem que o tóxico estivesse presente.

          Depois veio a falta de ar, medo, alucinações,depois euforia novamente. Eu sentia mais do que as outras pessoas e o tóxico, meu amigo inesquecível, sorria, sorria. Sabe pai, a gente quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus eu achava ridículo. Hoje neste hospital, eu reconheço que Deus é o ser mais importante do mundo.

         Eu sei que sem a ajuda Dele eu não estaria escrevendo o que estou. Pai o senhor não pode acreditar, mas a vida de um toxicômano é terrível, a gente se sente dilacerado por dentro. É terrível e todo jovem deve saber disso,para não entrar nessa.
             
             Já não posso dar nem três passos sem me cansar. Os médicos dizem que vou ficar curado, mas quando saem do quarto observo-os balançando a cabeça negativamente.

             Pai...Eu só tenho 19 anos e sei que não tenho a menor chance de viver, é muito tarde para mim, mas para o senhor, pai, tenho um único pedido a fazer:

              ... Diga a todos os jovens que o senhor conhece e mostre a eles esta carta, diga a eles que em cada porta de escola, em cada cursinho, em cada faculdade, em qualquer lugar, há sempre um homem elegantemente vestido, bem falante, que irá mostrar-lhe o seu futuro assassino, o destruidor de suas vidas e o que levará à loucura e a morte como eu.

                  Por favor faça isso meu pai, antes que seja tarde demais também para eles.

Perdoe-me meu pai... já sofro demais. Perdoe-me por fazê-lo sofrer também pelas minhas loucuas. Adeus meu pai...

Extraído do livro Família Santuário de Vida ( Prof. Felipe Aquino)

Nossa reflexão para o dia dos pais.

Marcos Moura
Sr. CARIRI

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