Realizado com sucesso na última sexta-feira (7), em Cabrobó (PE), o
primeiro bombeamento do rio São Francisco para um canal do Eixo Norte da
transposição. É por onde deverá correr ainda em 2016 a água aguardada
com muita secura no Alto Sertão paraibano. Virá puxada ao longo de 260
km até a barragem de Engenheiro Ávidos (Cajazeiras). A partir daí,
estará disponível para reforçar toda a Bacia do Piranhas.
A informação já deve ser do conhecimento da maioria dos leitores deste
espaço, mas peço licença para repicar, mesmo atrasado. É para me redimir
da desatenção. Descuidei de acompanhar regularmente o andamento dessa
que deve ser a obra do século no Nordeste. Faço isso também para
lamentar que a notícia tenha merecido pouco espaço e acanhado destaque
na mídia nacional e regional, talvez menos ainda na estadual ou local (o
que naturalmente inclui o desatenc0ioso colunista).
Digo assim porque é notícia do interesse imediato e maior de 12 milhões
de nordestinos e de quase 2 milhões de paraibanos que individualmente
dispõem de 450 metros cúbicos de água por ano para suas necessidades
básicas, quando o mínimo recomendado pela Organização das Nações Unidas
(ONU) é de 1.500 m³/hab/ano. Trata-se realmente de uma boa notícia,
principalmente para quem sofre pelo Brasil neste momento, mas muito mais
torce pela retomada do crescimento humano e material dos brasileiros em
geral e dos mais necessitados em particular.
O importante agora é, portanto, comemorar o fato que emocionou muita
gente boa que viu, como vi anteontem à noite em vídeos na Internet, a
água do rio entrando no reservatório de Tucutu, depois de elevada a uma
altura de 36 metros e empurrada por 9 km de canal. As imagens foram
divulgadas por operários e engenheiros da Mendes Júnior. Pelo que
entendi, é a construtora do pedaço que capta a água em Cabrobó até Jati,
no Ceará, e desce com ela para Brejo Santo, Mauriti e Barro, no estado
vizinho; logo depois, já na Paraíba, passa por Monte Horebe, São José de
Piranhas e finalmente se joga no açude de Cajazeiras.
A quantas anda
No mês de junho passado, segundo o Ministério da Integração, as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco apresentavam 76,7% de execução física, sendo o Eixo Norte com 77,9% e o Eixo Leste com 74,9%. O canal que vai beneficiar o nosso extremo oeste possui 81 km de extensão, dos quais 85,9% já foram concluídos. O bicho vai do reservatório Boi II (em Brejo Santo, CE) a Engenheiro Ávidos.
No mês de junho passado, segundo o Ministério da Integração, as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco apresentavam 76,7% de execução física, sendo o Eixo Norte com 77,9% e o Eixo Leste com 74,9%. O canal que vai beneficiar o nosso extremo oeste possui 81 km de extensão, dos quais 85,9% já foram concluídos. O bicho vai do reservatório Boi II (em Brejo Santo, CE) a Engenheiro Ávidos.
Mas, atenção!
De Cabrobó a Jati, com 140 km, a execução física anda por volta dos 79%,
e de Jati a Brejo Santo, justamente a última parte da transposição
antes de chegar cá em nós, dos 39 km projetados para esse intervalo
foram feitos apenas 58,6% até o fim do primeiro semestre. De qualquer
sorte, o Governo Federal mantém que o conjunto da obra vai operar a
plena carga em 2017. Atualmente, o projeto que integrará o Velho Chico
às bacias do Nordeste Setentrional e mais seco emprega
9.726 trabalhadores e conta com mais de 3.700 máquinas em operação.
Falta organizar
Os canais da transposição trarão água boa de beber que podem servir
também para tomar banho, lavar louça, matar a sede de animais e molhar a
roça possível em 390 municípios nordestinos. Mas terá que tratada,
distribuída e paga. Tudo isso mediante regras bem definidas entre
autoridades federais e estaduais que digam quem terá direito a essa água
e por quanto. Mais importante ainda, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do
Norte e Ceará devem estar preparados para recepcionar o São Francisco,
inclusive para fiscalizar usos e impedir abusos. Deverão,
principalmente, ter reservatórios de conexão despoluídos e adutoras
montadas para estender a transposição a quem mais precisa nas terras e
cidades beneficiadas em cada estado.
Atraso em Monteiro?
A nossa entrada pelo Eixo Leste, em Monteiro, por exemplo, não estaria preparada. Até onde sei, sequer foi iniciada a despoluição do açude Poções, daquele município, para receber água franciscana. Vou tentar conferir a situação atualizada junto a autoridades e especialistas paraibanos. Amanhã ou depois, mas em breve, dou o resultado. Por enquanto dá para dizer, baseado no Ministério da Integração, que para chegar ao nosso Cariri a água vem obviamente por Pernambuco, começando pela captação no reservatório em Itaparica até o de Areias, ambos em Floresta. São 16 km de canal (93,7% já concluídos) ligado por mais 167 km até Barro Branco, em Custódia (com 77,7% de execução física) e mais 34 km até Poções (passando antes por Sertânia, PE). Esse trecho tem apenas 47,5% prontos.
A nossa entrada pelo Eixo Leste, em Monteiro, por exemplo, não estaria preparada. Até onde sei, sequer foi iniciada a despoluição do açude Poções, daquele município, para receber água franciscana. Vou tentar conferir a situação atualizada junto a autoridades e especialistas paraibanos. Amanhã ou depois, mas em breve, dou o resultado. Por enquanto dá para dizer, baseado no Ministério da Integração, que para chegar ao nosso Cariri a água vem obviamente por Pernambuco, começando pela captação no reservatório em Itaparica até o de Areias, ambos em Floresta. São 16 km de canal (93,7% já concluídos) ligado por mais 167 km até Barro Branco, em Custódia (com 77,7% de execução física) e mais 34 km até Poções (passando antes por Sertânia, PE). Esse trecho tem apenas 47,5% prontos.
Revitalização
Apesar de fundamental para a sobrevivência humana na porção mais sofrida
do Nordeste, a transposição do São Francisco é uma obra polêmica.
Primeiro, por ter sido iniciada em 2007 com previsão de término para
2012, prazo esticado por mais cinco anos. Segundo, porque o projeto
dobrou de custo, de R$ 4 para R$ 8 bilhões. Por fim, Bahia, Minas,
Alagoas e Sergipe se julgam ‘donos’ do rio e se resistem em doar um
pouco pra gente. Mas esse pouco (só vamos captar 1,4% dos 1.850 m³/s de
vazão do rio) vai jorrar apenas quando necessário. Não será torneira
aberta o tempo todo. É bem verdade que a seca dos últimos três anos
afetou bastante o rio por lá. Dizem que até a nascente secou, nas
Gerais. Dizem, com mais razão ainda, que a revitalização deveria
acontecer antes da transposição. Já o governo garante que desde 2004
investiu quase R$ 1,5 bilhão no reflorestamento de nascentes, margens e
áreas degradadas, recuperação de matas ciliares e esgotamento sanitário
em pelo menos 102 municípios da calha do rio.
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