domingo, 30 de agosto de 2020

Hipocrisia, legalismo e moralismo

JC

Evangélicos

REV. MIGUEL COX

Quem muito julga, muito esconde. Quem muito condena, quer tirar o foco de seus erros e apontar o dedo para o erro dos outros. A quantidade de pedras que você tem na mão é proporcional ao tamanho da máscara que você usa”. (Autor Desconhecido) 

O pecado mais censurado por Jesus Cristo nos evangelhos foi o da hipocrisia. Ela é a pele da ovelha que encobre o astuto lobo devorador.É o fingimento oficial da pretensa autenticidade. Ela descredencia a Palavra de Deus porque se convence da impossibilidade de observar a vontade de Deus com legitimidade e, portanto, passa a usar seu artifício para encobrir os seus defeitos. 

Qualquer pecado é desastroso, no entanto, alguns têm maior alcance do que outros.A hipocrisia sempre atinge largas escalas porque se alimenta constantemente da falsidade. Escutei a história de um garoto que tinha algumas bolas de gude e não deixava a sua irmã brincar com elas. Entre essas bolas de gude havia uma que era a sua predileta e ele a conhecia pelo tato. 

Um dia a sua irmã aparece com um sanduíche suculento que a sua mãe havia preparado, ele então pede a ela o sanduíche, ela diz: ‘só se você me der todas as suas bolinhas de gude’. Ele põe a mão no bolso, pega todas as bolinhas de gude, menos a sua preferida, e entrega para ela. Ela, então lhe dá o seu sanduíche. 

Quando ele se retira para comer o sanduíche, olha para trás e pergunta: ‘você me deu todo o seu sanduíche’? Por ter ele sido falso com a sua irmã, não conseguiu acreditar na sinceridade dela. A hipocrisia destrói a confiança no seu próximo, exalta a suspeita e, assim, corrói as relações humanas sadias. 

O grupo religioso dos fariseus era a seita mais rígida em termos de cumprimento da lei na época de Jesus. Podiam ser considerados os mais corretos pela maneira legal de como pautavam as suas vidas e exigiam um comportamento exageradamente ilibado dos outros. No entanto o Evangelho de Mateus dedica um capítulo (o vinte e três) de seu livro ao discurso proferido por Jesus sobre o ‘modus vivendi’ deles. Nessa e outras muitas passagens, eles são censurados por Jesus.

A desarmonia entre o que eles conheciam de Deus e a caricatura de Deus que eles faziam com as suas atitudes incoerentes eram colossais. O apóstolo São Paulo antes de ter o seu encontro com Cristo na estrada de Damasco, era da seita dos fariseus, a mais rígida do judaísmo no primeiro século. Entretanto, ele admitiu que essa sua justiça própria advinda do cumprimento da lei o afastava de Deus e das pessoas (Filipenses 3:3-11). 

O legalismo e o moralismo são companheiras da hipocrisia. O legalismo é a empáfia pessoal de cumprir as leis à risca. Por exemplo: ‘nunca fui multado no trânsito’; ‘nunca atrasei um pagamento’; ‘sou o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair’... Já o moralismo é empavonar-se diante de virtudes pessoais: ‘ninguém pode me acusar de desvio de comportamento’; ‘jamais disse uma inverdade’; ‘o que tenho ganhei como o suor do meu trabalho’... Parabéns, você cumpre muito bem com as suas obrigações, mas nada disso é mérito para aproximar-se de Deus. 

Olha o que Jesus disse: “Publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mateus 21:31). Todos nós pecamos e precisamos igualmente do perdão de Deus, crer na sua salvação através do nosso Senhor Jesus Cristo porque nenhum ‘bom comportamento’ nosso nos aproximará d’Ele. Admitamos, pois, as nossas deformidades e aproximemo-nos de Deus com humildade, assim ele receberá a todos. 

Rev. Miguel Cox é teólogo e pastor 

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