domingo, 20 de agosto de 2017

Eclipse parcial do sol será visto do Nordeste nesta segunda-feira

Um furor tomará conta da internet conforme a Lua transitar à frente do Sol na tarde de amanhã. Nos EUA, onde o eclipse solar será total, espera-se, além de repercussão nas redes sociais, tráfego intenso de veículos e congestionamento dos sistemas de telefonia celular. Pesquisadores brasileiros estarão por lá, para fazer ciência. O fenômeno também poderá ser visto em solo brasileiro, mas apenas nas cidades das regiões Norte e Nordeste, aproximadamente entre as 16h (de Brasília) e o pôr do Sol.
 
O Projeto Kuaray, conduzido em parceria pela Universidade de Brasília com o Clube de Astronomia de Brasília, vai lançar um balão à estratosfera para filmar em 360 graus e em alta resolução o momento do eclipse, graças a um acordo de cooperação com a Universidade Estadual de Montana, nos EUA, e uma verba da Nasa.
 
"É uma grande oportunidade estarmos em um dos 55 balões que voarão com apoio da Nasa para observar o eclipse", diz Renato Lorena, professor do departamento de engenharia elétrica da UnB. O pessoal da UnB desenvolveu a plataforma para o voo, enquanto a Universidade Estadual de Montana forneceu o balão. O lançamento será feito de Rexburg, no Estado de Idaho.
 
Também há grande expectativa de produção de dados científicos importantes com o eclipse. Nada com a grandiosidade do que já foi feito no passado, quando a fotografia de estrelas durante um eclipse total do Sol (por sinal visto em Sobral, no Ceará) confirmou a teoria da relatividade geral de Einstein, em 1919. Ainda assim, coisa boa. Afinal, quando a Lua bloqueia o disco solar, é possível observar a camada que fica logo acima da superfície do Sol, a chamada cromosfera.
 
Renato Dupke, astrônomo brasileiro que trabalha na Universidade de Michigan, destaca que também serão feitas observações do planeta Mercúrio, que só figura no céu noturno sempre muito perto do horizonte, onde é mais difícil ser estudado por telescópios. Além disso, uma parte importante dos estudos diz respeito à própria Terra - os cientistas buscam explorar os efeitos que o eclipse provoca em nosso planeta. Na prática, na região de totalidade, é como se anoitecesse instantaneamente por cerca de 2 minutos, o que causa um resfriamento rápido da atmosfera.
 
Os efeitos se estendem à biosfera. Pássaros acham que anoiteceu e voltam a seus ninhos, animais noturnos se tornam ativos - enganados por um belo truque da natureza. E o bicho homem, claro, não está imune. Mas, a despeito da onda de bobagens que se propaga pelas redes sociais, não vai ter Nibiru (que, a propósito, não existe), não vai ter mudança de órbita de nada nem vai ter catástrofe ou evento sobrenatural. É só a bela dança da Lua, em seu enlace de sempre ao redor da Terra.

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