Um furor tomará conta da internet conforme a Lua transitar à
frente do Sol na tarde de amanhã. Nos EUA, onde o eclipse solar será
total, espera-se, além de repercussão nas redes sociais, tráfego intenso
de veículos e congestionamento dos sistemas de telefonia celular.
Pesquisadores brasileiros estarão por lá, para fazer ciência. O fenômeno
também poderá ser visto em solo brasileiro, mas apenas nas cidades das
regiões Norte e Nordeste, aproximadamente entre as 16h (de Brasília) e o
pôr do Sol.
O Projeto Kuaray, conduzido em parceria pela Universidade de
Brasília com o Clube de Astronomia de Brasília, vai lançar um balão à
estratosfera para filmar em 360 graus e em alta resolução o momento do
eclipse, graças a um acordo de cooperação com a Universidade Estadual de
Montana, nos EUA, e uma verba da Nasa.
"É uma grande oportunidade estarmos em um dos 55 balões que
voarão com apoio da Nasa para observar o eclipse", diz Renato Lorena,
professor do departamento de engenharia elétrica da UnB. O pessoal da
UnB desenvolveu a plataforma para o voo, enquanto a Universidade
Estadual de Montana forneceu o balão. O lançamento será feito de
Rexburg, no Estado de Idaho.
Também há grande expectativa de produção de dados científicos
importantes com o eclipse. Nada com a grandiosidade do que já foi feito
no passado, quando a fotografia de estrelas durante um eclipse total do
Sol (por sinal visto em Sobral, no Ceará) confirmou a teoria da
relatividade geral de Einstein, em 1919. Ainda assim, coisa boa. Afinal,
quando a Lua bloqueia o disco solar, é possível observar a camada que
fica logo acima da superfície do Sol, a chamada cromosfera.
Renato Dupke, astrônomo brasileiro que trabalha na Universidade
de Michigan, destaca que também serão feitas observações do planeta
Mercúrio, que só figura no céu noturno sempre muito perto do horizonte,
onde é mais difícil ser estudado por telescópios. Além disso, uma parte
importante dos estudos diz respeito à própria Terra - os cientistas
buscam explorar os efeitos que o eclipse provoca em nosso planeta. Na
prática, na região de totalidade, é como se anoitecesse instantaneamente
por cerca de 2 minutos, o que causa um resfriamento rápido da
atmosfera.
Os efeitos se estendem à biosfera. Pássaros acham que anoiteceu
e voltam a seus ninhos, animais noturnos se tornam ativos - enganados
por um belo truque da natureza. E o bicho homem, claro, não está imune.
Mas, a despeito da onda de bobagens que se propaga pelas redes sociais,
não vai ter Nibiru (que, a propósito, não existe), não vai ter mudança
de órbita de nada nem vai ter catástrofe ou evento sobrenatural. É só a
bela dança da Lua, em seu enlace de sempre ao redor da Terra.
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