O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi reeleito neste
domingo (1º) e vai comandar a Casa e o Congresso por mais dois anos. O
alagoano recebeu o apoio de aliados da presidente Dilma Rousseff (PT).
Este é o quarto mandato de Renan no comando do Legislativo. A votação
foi secreta.
Renan venceu o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que
recebeu apoio de senadores que fazem oposição ao governo de Dilma, por
49 votos 31. Um voto nulo foi registrado. O nome de Renan chegou a ser
citado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga
irregularidades na Petrobras, segundo informações publicadas pela
revista "Veja" e pelo jornal "O Estado de São Paulo". Não há nenhuma
denúncia formal contra ele. Renan nega qualquer tipo de evolvimento com o
caso.
"As disputas democráticas engrandecem a instituição e
robustecem a democracia e engrandecem aqueles que dela participam. Por
isso é que gostaria de fazer uma menção ao meu ilustre colega
ex-governador, ex-presidente do PMDB e ex-líder da bancada senador Luiz
Henrique pela correção e espírito público verificados ao longo de sua
trajetória. A disputa agora, senador Luiz Henrique, já é passado",
declarou Renan após a vitória.
A candidatura de Henrique é um
reflexo do racha do PMDB e descontentamento de parte do Senado com Renan
na presidência. Henrique obteve apoio de partidos da oposição e dos
chamados independentes. Nesta semana, declararam apoio a ele três
senadores do PMDB e membros do PSB, do PDT, do PSDB, do PP, do PSOL e do
DEM. Mesmo com o apoio, Henrique não obteve maioria dos votos.
Renan tem apoio do Palácio do Planalto e do PT. Após a ala rebelde do
PMDB lançar a candidatura avulsa de Henrique, membros do governo atuaram
nos bastidores em favor de Renan.
"Serei presidente de todos
senadores como demonstrado nos últimos anos. Desejo renovar meu firme
compromisso pela autonomia e independência do Senado Federal. Por sua
modernização, transparência e pela coletivização das decisões dessa
direção", disse Renan.
Para pedir votos aos congressistas, Renan
destacou os trabalhos do Senado Federal no último biênio e a economia
de recursos com os cortes de cargos comissionados. Também afirmou que é
independente dos outros Poderes e que desempenhou uma "presidência
coletiva".
"Senadoras e senadores, peço o voto e a confiança de
todos. Os daqui são testemunhas que sou um homem de equipe e que jogo
para o time e não para a plateia. Tenho por princípios dar oportunidades
a todos. A presidência continuará a ser coletiva", discursou Renan.
Luiz Henrique foi o único senador citado nominalmente por Renan durante
seu discurso para rebater as críticas veladas feitas pelo concorrente
ao presidente do Senado. Henrique disse que se fosse eleito seria
independente e não indicaria nomes para ocupar cargos em ministérios e
estatais do governo para que o Senado não fique subordinado aos
desmandos do Palácio do Planalto.
"Quando o presidente se verga
para pedir favores ao executivo, ele perde autonomia", declarou Luiz
Henrique. Foi uma crítica direta a Renan que foi responsável por
diversas indicações de cargos do governo. Suspeita-se que entre as
nomeações está o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso em
Curitiba, mas Renan nega que tenha feito a indicação.
Esta é
quarta vez que Renan ocupa o cargo. Ele já esteve no cargo em 2005, mas
deixou a presidência em 2007 após escândalos envolvendo seu nome. Na
época, surgiram denúncias de que ele usou dinheiro de lobista para pagar
pensão de uma filha fora do casamento. Renan chegou a sofrer um
processo de cassação, mas foi absolvido pelo plenário do Senado. Em
2013, ele voltou a presidir a Casa.
O presidente do Senado
também preside o Congresso e coordena os trabalhos e as pautas das duas
Casas. Também é o terceiro na linha sucessória da Presidência da
República, depois do vice-presidente e do presidente da Câmara.
A escolha para os demais cargos da Mesa Diretora será feita na próxima terça-feira (3).
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