segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A faca e Bolsonaro


Adriano Oliveira, é cientista político


O inexplicável e repugnante ataque a Bolsonaro servirá, equivocadamente, para explicar o resultado da eleição presidencial. Se Bolsonaro ganhar, dirão que foi a faca. Se Bolsonaro perder, afirmarão que foi a faca. Este instrumento, do qual não gosto, assim como não admiro revólver e fuzil, irá ser, infelizmente, a variável explicativa da disputa presidencial deste ano.
A faca é uma variável que pode explicar a eleição. Mas recomendo precaução, pois é comum alguém encontrar relações de causalidades onde não existem.
Apenas existem aparentes causalidades. A faca retirou Bolsonaro da campanha eleitoral. Esta é a verdadeira causalidade. Em razão da faca, Bolsonaro não fará campanha. E, soma-se a isto, a ausência de tempo de TV. Portanto, a faca fez Bolsonaro sumir da campanha.
A faca estourou a bolha Bolsonaro? Esta é uma indagação que alguém me fará. Possibilidade factível, pois, em razão dela, Bolsonaro sumiu da campanha.
Mas, se a faca não existisse, Bolsonaro perderia eleitores? A minha hipótese, a qual já mostrei em variadas oportunidades neste espaço, era que sim. Isto é: independente da faca, a bolha de Bolsonaro poderia ou pode estourar.
A tese da bolha existe em razão de: 1) Bolsonaro representa o antilulismo; 2) Bolsonaro representa forte desejo de mudança radical. Alkmin, o candidato do PSDB, pode ocupar espaço do antilulismo. E, para isso, tem tempo de TV e candidatos competitivos ao seu lado em estados importantes, como João Dória e Anastasia. E, como bem revela a sua estratégia, representa o equilíbrio versus o radicalismo de Bolsonaro. Portanto, independente da faca, Bolsonaro poderia estourar. Ou, repito: pode estourar.
A faca não irá explicar a possível ida de Fernando Haddad para o 2º turno. Independente da faca, o candidato do PT, como sempre frisei, deve estar no 2º turno.
Em razão do lulismo, em particular o lulismo do Nordeste. A estabilidade de Bolsonaro nas pesquisas  e não a faca possibilita que ele não seja descartado. Isto significa que ele pode estar no turno final da disputa. Mas, como frisei, não despreze o candidato do PSDB. Alckmin continua vivo, apesar da faca.
Caso Bolsonaro chegue ao 2º turno será um Cisne Negro, um acaso, pois conseguiu contrariar diversos preditores eleitorais, como Tempo de TV e Estrutura de campanha. Entretanto, e se não for? Será em virtude de ter sido uma bolha. E, claro, em razão da faca, pois ela o fez “sumir” da campanha. Portanto, a faca, a depender da conjuntura, explica, parcialmente, a escolha do elitor.

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