Após o depoimento de Jorge Beltrão, a segunda acusada de matar,
esquartejar e ocultar o cadáver de Jéssica Camila da Silva Pereira, em
2008, depôs no Fórum de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, onde
ocorre o julgamento do que veio a ser conhecido como trio de “canibais”
de Garanhuns. Visivelmente nervosa, Isabel Cristina Torreão Pires negou
que tenha participado da morte da jovem de 17 anos, mas confirmou ter
participado da ocultação de restos mortais da vítima. O depoimento
acabou por volta das 17h20.
Izabel também relatou ter mentido a respeito da venda de coxinhas com recheio
feito com carne de outras duas vítimas assassinadas pelo trio em
Garanhuns, no Agreste do Estado, em 2012. Ela disse que inventou a
história macabra para que as autoridades envolvidas na investigação
julgassem necessária a internação dela no Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico (HCTP), para onde Jorge e Bruna Cristina
Oliveira da Silva, a terceira acusada, foram levados.
Isabel disse, ainda, que seu único objetivo era pegar a filha da
vítima, na época, com cerca de um ano de idade. O bebê, contudo, teria
se recusado a se separar da mãe, o que fez com que os três acusados
levassem Jéssica para viver na casa deles, a princípio, trabalhando como
empregada doméstica. Isabel alegou que a criança estava desnutrida. Ela
também disse que sempre teve o sonho de ser mãe e que chegou a ficar
grávida duas vezes, mas sofreu abortos.
Confira outros pontos destacados pela ré no depoimento:
Relação com Jorge
A acusada também disse ser dependente emocionalmente do marido,
Jorge. Ela falou em juízo que o ama muito e que não teve coragem de
denunciá-lo pelos crimes por conta desse sentimento. Isabel também
afirmou ter medo de que o marido lhe abandonasse, e que, por isso,
aceitou que ele tivesse um relacionamento extraconjugal com Bruna e a
levasse para a residência do casal.
Consumo de carne
Apesar de ter negado ter recheado as coxinhas que vendia com carne
humana, Isabel confirmou que consumiu partes do corpo da vítima. Os
restos mortais foram grelhados e comidos acompanhados de arroz. A carne
tem o mesmo sabor da bovina, segundo a ré. Ela disse que a filha da
vítima, que passou a ser criada pelo trio, também comeu restos mortais
da própria mãe.
Seita e rituais
Segundo Isabel, foi Jorge quem criou a seita “Cartel”. Em seu depoimento, mais cedo, o acusado havia explicado que cada parte do corpo representaria um elemento simbólico: a cabeça, Deus; os braços, a água e o ar; as pernas, a terra e o fogo. Isabel completou dizendo que o lazer do trio, nos finais de semana, era gravar filmes de terror caseiros. O papel dela em uma das produções era a de uma empregada doméstica. Em outra, a de um espírito. Ela disse que quem influenciou Jorge a matar Jéssica foram “as vozes” que ele ouvia.
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