Em reunião ordinária que foi antecipada da noite da quinta (22) para a tarde da quarta-feira (21), a Câmara de Vereadores de Caruaru aprovou o projeto de lei n° 6.735, que desafeta área de terreno urbano para a construção de um centro de compras que vai receber a nova Feira da Sulanca. Outras cinco solicitações do Executivo também foram aceitas.
Dos seis projetos apresentados, o da Feira da Sulanca foi, sem dúvidas, o que causou um intenso debate. Como o assunto desperta grande interesse da sociedade local, o plenário da Casa Jornalista José Carlos Florêncio ficou praticamente lotado, com populares contra e a favor da transferência do equipamento para uma área de 60 hectares, que fica nas proximidades da BR-104, no sentido Caruaru-Toritama.
A sessão estava marcada para iniciar às 16h, mas só começou mais de uma hora depois, devido à grande articulação de bastidores para aprovar o projeto. Os governistas temiam que, caso a mudança da feira não fosse votada naquele dia, poderia ter um atraso considerável, já que a maior preocupação do Executivo era em relação à volta dos outros cinco vereadores que foram envolvidos na Operação Ponto Final.
Isso porque, como a matéria era polêmica e, para ser aprovada, precisaria de pelo menos 2/3 da bancada dos 23 vereadores, ou seja, 16 votos, os governistas temiam que com a volta dos cinco o projeto fosse rejeitado. Daí a articulação em antecipar a sessão em um dia, já que havia uma expectativa de decisão favorável para os parlamentares que estão afastados.
Durante a sessão, o comerciante Rivaldo Soares fez protesto, distribuiu documentos e chegou a afirmar que a aprovação do projeto era ilegal. Durante a fala dos vereadores na tribuna, Rivaldo chegou a atrapalhar, mas teve que deixar o recinto por determinação do presidente Leonardo Chaves (PSD). "Você está bagunçando a reunião. Ou o senhor se cala ou terá que deixar o local", disse Chaves. Minutos depois, Rivaldo deixou o plenário da Câmara. "Esse rapaz gosta de fazer confusão e atrapalhar o desenvolvimento da cidade", disse outro vereador da base governista.
No plenário também estavam representantes dos sindicatos ligados à Feira da Sulanca. "Esse projeto será a redenção da Feira da Sulanca de Caruaru. Há vários anos estamos perdendo movimento e a condição de líder no setor. Tudo isso porque a Feira da Sulanca de Caruaru cresceu muito e hoje não atende as necessidades de compradores e de quem atua nas vendas", afirmou a feirante Maria de Fátima, uma das líderes da categoria. "Sabemos que a mudança é inevitável e esse local e a forma com que o prefeito está conduzindo o processo vão beneficiar todos os feirantes de Caruaru", completou.
Para o presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru, Pedro Moura, o projeto apresentado pela prefeitura foi amplamente debatido entre os comerciantes da cidade. "Esse projeto não está vindo apenas da PMC, mas do próprio sulanqueiro que não aguenta mais trabalhar nessas condições que temos hoje. Foram dezenas de reuniões e elas ainda continuam acontecendo na sede da própria associação. A base desse projeto tem sido o diálogo", afirmou o líder da categoria.
Segundo Pedro Moura, as reuniões ocorreram de forma setorizada. "Tivemos encontros com o pessoal dos importados, da Brasilit e também da área da Fundac. É um projeto que vai ser a salvação da Feira da Sulanca de Caruaru", pontuou.
SEM MUITO DEBATE
Os outros projetos de lei enviados pelo Executivo foram aprovados sem muito debate, porém houve questionamentos de alguns vereadores da oposição na tribuna. Entre os pedidos, destaque para o reajuste dos vencimentos dos servidores públicos efetivos ocupantes de cargos de engenheiro, arquiteto, agentes de trânsito e guardas municipais; e as alterações em leis municipais, como a gestão do Fundo de Apoio aos Municípios, que passou para cargo da Secretaria de Infraestrutura.
Também foi aprovada a criação de uma secretaria-executiva na pasta de Educação, a mudança de Real para UFM (Unidade Fiscal do Município) como indexador nas indenizações de desapropriações de barracas na cidade e a doação de um terreno para a construção da Procuradoria do Trabalho. "A reunião ordinária foi histórica e um marco para a mudança da economia de Caruaru", finalizou Leonardo Chaves.
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