A
seca na região do Cariri paraibano foi destaque neste domingo (03) no
programa Globo Rural, transmitido pela Rede Globo. A reportagem do
programa mostrou a realidade e sofrimento que o agricultor caririzeiro
tem passado com a forte estiagem prolongada. O programa destacou a
região, como a mais atingida e prejudicada em toda Paraíba, e apresentou
imagens de Boqueirão e Serra Branca.
VEJA A MATÉRIA NA ÍNTEGRA:
O Nordeste brasileiro está atravessando uma seca prolongada, mas
ela acontece de forma desigual, varia de região para região. Em alguns
lugares, não chove há quatro anos.
Na Paraíba, um dos estados mais atingidos, está ficando cada vez mais difícil a vida dos agricultores sertanejos.
Em plena temporada de chuva, os dias em boa parte do sertão começam com sol forte e calor.
A seca faz parte do clima do semiárido nordestino. Normalmente,
chove durante quatro meses e passam oito sem chover. O problema é que
nos últimos quatro anos, não têm chovido o suficiente, nem na chamada
‘estação das águas’.
Doutor Alexandre Magno é chefe do Departamento de Meteorologia da
Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), e explica que
as chuvas dos últimos anos não têm sido suficientes para encher os
reservatórios, nem para recuperar as reservas de água no subsolo.
A irregularidade das chuvas fez com que alguns estados ficassem
em pior situação. O número de municípios nordestinos em situação de
emergência subiu de 659 para 862. De 2011 para cá, cerca de 7 milhões de
animais morreram.
Na Paraíba, a área mais afetada pela estiagem é a região do
Cariri, que fica no centro do estado. As consequências da seca estão por
toda parte. Há lugares onde a vegetação da caatinga nem conseguiu
rebrotar, os riachos permanecem secos e falta água e comida para
alimentar os rebanhos.
O sítio de Zé Braz Negreiros tem 21 hectares e fica no município
de Boqueirão. Nem o poço artesiano, com 50 metros de profundidade,
resistiu aos anos consecutivos de estiagem.
Não choveu o suficiente nem para encher as duas cisternas da
propriedade e Zé Braz está comprando água para abastecer a família. Já
faz três anos que ele não consegue colher nada.
Zé vive da produção de leite que ele transforma em queijo, mas
por causa da seca, ele foi obrigado a vender metade das 30 vacas que
tinha e vem assistindo a renda da família despencar junto com a
produção.
Se a chuva não vier, Zé terá que vender mais vacas porque com a
renda atual, ele não tem como comprar ração para alimentar os animais.
A situação era mais fácil quando os criadores tinham palma em
abundância para alimentar os rebanhos nos períodos de seca, só que nos
últimos anos, uma praga praticamente dizimou os cultivos de palma: a
cochonilha.
A cochonilha é um inseto que se multiplica e se espalha
rapidamente. Nas folhas da palma, ela atrapalha o desenvolvimento e
chega a matar a planta. Segundo dados da Embrapa, de 2010 até agora,
mais da metade dos palmais do Nordeste já foram destruídos pela praga,
como aconteceu na propriedade de Fábio Gabriel. Ele também é produtor de
leite e tinha três hectares de palma.
Quem não tem dinheiro pra comprar ração, acaba perdendo os animais.
Em quatro anos, a seca trouxe muito prejuízo para os agricultores
da Paraíba, como conta o agrônomo Vlaminck Saraiva, diretor técnico da
Emater no estado: “Na agricultura, nós tivemos todos os anos perdas na
safra acima de 50%. Na pecuária, nós tivemos uma perda em torno de 40%. A
gente tinha um rebanho de pouco mais de 1 milhão de cabeças, mas em
torno de 40% desses animais foram mortos por causa do processo da
estiagem prolongada”.
Para pagar as despesas da família, muitos agricultores contam com
o Garantia Safra, seguro pago pelo Governo Federal em municípios que
perderam mais 50% da produção por causa da seca, e com o Bolsa Família.
Como o Garantia Safra só é pago cinco meses por ano, muitos
tiveram que arrumar trabalho fora para conseguir pagar as contas da
família.
Os problemas se repetem por todo o cariri paraibano. Muitos
agricultores contavam com o programa do Governo Federal que vendia milho
subsidiado, a preço mais baixo, através da Conab, só que no começo
desse ano, o subsídio acabou.
É bom lembrar novamente que a partir de junho, no segundo
semestre, já não costuma mesmo chover no sertão do Nordeste, é quando
começa o período normal de estiagem.
A situação é bem preocupante, porque o pessoal pode ter que
enfrentar a seca até o final do ano. A hora para encontrar formas de
auxílio e de agir é agora.
NO QUE SE REFERE A MATÉRIA DA REDE GLOBO EM SANTO ANDRÉ (PB) Segue
justificativa da repórter Ana Pria do Globo Rural ao secretário de agricultura Denys Cavalcante, sobre a não
divulgação da reportagem gravada no Sítio Riacho dos Angicos do
agricultor José Dimas no Município de Santo André.
Sr. CARIRI
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