A Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) se
prepara para implantar este ano a cobrança pelo uso da água bruta. A
medida do Governo do Estado incluirá os consumidores que utilizam acima
de 350 mil metros cúbicos por ano e irá contribuir para a redução do
consumo da água que é retirada diretamente de açudes e rios.
De acordo com o secretário de Estado dos Recursos Hídricos,
Infraestrutura, Ciência e Tecnologia, João Azevedo, o decreto que
regulamenta a cobrança foi amplamente discutido com os usuários e
representantes de entidades ligadas à gestão das águas, antes de ser
assinado pelo governador Ricardo Coutinho.
“A legislação foi discutida com os membros dos comitês das bacias
hidrográficas do Rio Paraíba, do Litoral Norte e do Litoral Sul. Depois,
ela foi avaliada pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos e só
depois decretada pelo governador”, lembrou.
Os valores cobrados pelo metro cúbico irão variar de acordo com o uso
dos recursos hídricos: irrigantes e agropecuários vão pagar R$ 0,003;
piscicultores e carcinicultores, R$ 0,005; abastecimento público, uso no
setor do comércio, indústria e para lançamento de efluentes, R$ 0,012.
“A cobrança vai ser um elemento que também vai ajudar na economia,
tão importante nesta época de estiagem. Com a instalação de hidrômetros
os grandes irrigantes vão saber exatamente quanto estão gastando e isso
vai contribuir para diminuir o desperdício”, acrescentou o secretário.
Para os usuários localizados na bacia do Rio Paraíba, bacia do
Litoral Norte e onde não existem comitês a cobrança vai ser implantada
para quem consome acima de 350 mil metros cúbicos por ano. Já para os
localizados na bacia do Litoral Sul, para quem consome acima de
1.500.000 metros cúbicos por ano.
Segundo o presidente da Aesa, João Fernandes, a agência está concluindo as ações necessárias para iniciar a cobrança, que pode ser implantada ainda no primeiro trimestre. “Fizemos reuniões com o pessoal da Agência Nacional para entendermos os softwares utilizados no monitoramento do consumo e também estamos em contato com representantes de bancos que vão auxiliar na elaboração dos boletos”, detalhou.
A coordenadora do Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela
Gestão das Águas (Progestão) na Paraíba, Lovânia Werlang, lembrou que a
taxação é um dos instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos
Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433/97.
“Essa cobrança já acontece em mais de 20 bacias hidrográficas no
Brasil, inclusive aqui no Nordeste, no Ceará. E na Paraíba ela faz parte
das metas de fortalecimento da gestão estadual dentro do Progestão”,
destacou.
A cobrança pelo uso da água bruta também será tema de debate na
primeira reunião do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Sul que
será realizada na próxima terça-feira (3) no auditório do DER, em João
Pessoa. O evento tem o apoio do Governo do Estado e terá como principal
palestrante a engenheira e professora do IFPB, Mirella Motta e Costa.
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