sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

“A falta d’água no mundo” vista por um poeta nordestino



n-JOO-BATISTA-MELO-large570Esta postagem é bem curta
 
“Eu vou falar pra vocês
Vim contar sobre a água
Mas com muita sensatez
Trago versos dum poema
Que nos deixou num dilema
E se água acabar de vez?
De verso não entendo tanto
Mas gosto de me arriscar
Fazendo algumas rimas
Pro povo admirar
Aqui trago um bom poeta
E deixo a porta aberta
Da cultura popular”
 
Com meus versos tortos começo a falar de um poeta que há um tempo trouxe a problemática da água. Enquanto muitos, nesse instante, passam a se questionar sobre o consumo de água e, principalmente sobre as relações políticas envolvidas, o poeta popular João Batista Melo traz, em seu poema “A falta d’água no mundo” alguns questionamentos sobre a problemática ambiental.

O poeta nasceu em Itabaianinha, no estado de Sergipe, em 1938. Após atingir a maior idade mudou-se para diversas cidades até chegar a Niterói onde permanece até hoje. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) e Academia de Letras da Região Oceânica de Niterói (ALRON). Expõe e vende suas obras em uma barraca que fica em uma feira no Campo de São Bento, parque popular existente na cidade, contribuindo assim para a divulgação da literatura de cordel.

O seu poema “A falta d’água no mundo” foi um dos principais focos de discussão de meu mestrado e de uma aluna que orientei a monografia de fim de curso – Samara Andrade. Assim, utilizo esse espaço para dar voz ao povo do nordeste que, em sua arte, já debate (há tempos) o que hoje seria tão falado.

Trechos do poema:

“De novo bem realista
a ONU vem alertar
que na África e na China
a água pode faltar
e conforme este argumento
não tendo planejamento
muita gente vai dançar
Sonho um Brasil d’água limpa
e vida cheia de moral
vencendo a poluição
e qualquer um temporal
se no mundo água faltar
vamos daqui sustentar
a demanda mundial
E vamos exportar água
em garrafões ou barril
com a marca registrada
” the água made in Brazil”
pra ditadores malvados
nem tendo Euros trocados
não vendemos nem um til
Recuperar nossas águas
é nosso grande dever
e convido a juventude
para lutar e vencer
e se alguém quiser mais água
seja China ou Nicarágua
termos pra dar e vender
E não se deve estranhar
se a escassez do produto,
levar potência estrangeira
a construir aguaduto
até por baixo do mar
a fim de daqui levar
água mais pra seu reduto
Temos de ser otimistas
em qualquer situação
só queremos que alguém
nos indique a direção
faça um cordel bem bonito
ilustrado e bem escrito
e mostre a população
Pois nosso caso é dramático
Não dá pra se brincar
A FALTA D’ ÁGUA NO MUNDO
é coisa de arrepiar
se não houver uma ação
até em nossa nação
a água pode faltar”
 
Direito à água é um direito humano, assim, debater sobre a problemática da água é um tema central se pensamos uma Educação em Ciências que vá ao encontro com os Direitos Humanos. Por que não fazemos isso utilizando a arte e valorizando nossos poetas populares?

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