Eles apostam na caprinocultura como uma das saídas possíveis para vencer a falta de chuvas própria do Semiárido. O resultado são empreendimentos inspiradores
O sonho do casal tem raízes fortes contrastando com a degradação
típica dos solos do Cariri paraibano. Filhos de agricultores, ambos
nasceram no município de Santo André. Ali viveram até a adolescência
quando seus caminhos tiveram sentidos opostos. Ela foi para Campina
Grande, onde estudou Direito; ele para o Rio de Janeiro, onde trabalhou
sobretudo como pedreiro. Em 2010, no entanto, voltaram para a terra
natal, ambos a passeio, e foi ali que se conheceram: na Festa do Bode na
Rua, em Gurjão.
Darimagda e Ilton se conheceram na
Festa do Bode na Rua, em Gurjão; casaram-se seis meses depois e hoje
colecionam prêmios com caprinos (foto: Rizemberg Felipe)
O encontro de Darimagda e Ilton não foi à toa. Os dois já tinham o
sonho, desde cedo, de trabalhar com cabras. Conheceram-se no local onde
mais tarde iriam ganhar prêmios: hoje colecionam 13 conquistados na
Festa do Bode na Rua. Dois em 2012, 10 em 2013 e um em 2014. Os prêmios
foram conquistados pela qualidade das cabras: seja porque tinham a
melhor cabra leiteira, seja pela melhor 'conformação de úbere' (ou seja,
as tetas) da cabra.
Do encontro ao casamento passaram-se apenas seis meses. Ele voltou
do Rio de Janeiro, ela deixou João Pessoa, onde, após concluir a
faculdade em Campina Grande, passou a trabalhar como funcionária
pública. De volta à terra natal resolveram investir tudo o que tinham em
um grande sonho.
A paisagem aparentemente hostil do Cariri não lhes fez
desistir – pelo contrário. Tinham em si a força de vontade de mostrar
ao mundo que era possível sobreviver no semiárido. É o famoso "tirar
leite de pedra". Ou de cabra.
O
rebanho começou com 15 cabras apenas para fornecer leite. As
dificuldades para manter os animais e também para entregar o produto, no
entanto, fizeram o casal inovar. Resolveram passar a produzir queijos
artesanais, dos mais diversos sabores:
Tem queijo de vinho, de orégano,
de pimenta e, também, de ervas próprias da região, como é o caso do
camuru e do marmeleiro. Do sonho inicial, tornaram-se empreendedores,
com muita inovação. Hoje, já têm 23 matrizes leiteiras (ou seja, que
estão em período de lactação) e mais 17 cabritas no rebanho.
A rotina começa logo cedo: às 5h da madrugada. É hora de levantar,
cuidar da ordenha dos animais, tomar um café que 'dê sustento' e começar
a trabalhar. Ela fica responsável pela parte da higienização, ele
produz os queijos. A ordenha diária rende até três litros por cabeça,
durante sete meses. Atualmente, eles chegam a comercializar 90 quilos de
queijo por mês ao preço de 30 reais o quilo. Com o leite ainda morno, a
produção artesanal começa pela higienização, depois passa para a
pasteurização e, em seguida, para o preparo da massa. Preparada, com
seus devidos sabores, a massa é prensada, onde permanece cerca de 12
horas. Quando o casal participa de feiras ou de treinamentos e precisa
acelerar a produção, são feitas duas 'levas' por dia. Uma de manhã logo
cedo; outra no período da tarde.
Seus sonhos hoje extrapolam limites - assim como o orgulho pelo
negócio que segue em andamento. "Nosso sonho hoje é que o produto seja
cada vez mais reconhecido. E, quem sabe, até vender para outros estados
do Brasil inteiro", diz Darimagda.
JORNAL DA PARAIBA
SR. CARIRI
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