Adriano Oliveira, é cientista político
O inexplicável e repugnante
ataque a Bolsonaro servirá, equivocadamente, para explicar o resultado da
eleição presidencial. Se Bolsonaro ganhar, dirão que foi a faca. Se Bolsonaro
perder, afirmarão que foi a faca. Este instrumento, do qual não gosto, assim
como não admiro revólver e fuzil, irá ser, infelizmente, a variável explicativa
da disputa presidencial deste ano.
A faca é uma variável que pode
explicar a eleição. Mas recomendo precaução, pois é comum alguém encontrar
relações de causalidades onde não existem.
Apenas existem aparentes
causalidades. A faca retirou Bolsonaro da campanha eleitoral. Esta é a
verdadeira causalidade. Em razão da faca, Bolsonaro não fará campanha. E,
soma-se a isto, a ausência de tempo de TV. Portanto, a faca fez Bolsonaro sumir
da campanha.
A faca estourou a bolha
Bolsonaro? Esta é uma indagação que alguém me fará. Possibilidade factível,
pois, em razão dela, Bolsonaro sumiu da campanha.
Mas, se a faca não existisse,
Bolsonaro perderia eleitores? A minha hipótese, a qual já mostrei em variadas
oportunidades neste espaço, era que sim. Isto é: independente da faca, a bolha
de Bolsonaro poderia ou pode estourar.
A tese da bolha existe em razão
de: 1) Bolsonaro representa o antilulismo; 2) Bolsonaro representa forte desejo
de mudança radical. Alkmin, o candidato do PSDB, pode ocupar espaço do
antilulismo. E, para isso, tem tempo de TV e candidatos competitivos ao seu
lado em estados importantes, como João Dória e Anastasia. E, como bem revela a
sua estratégia, representa o equilíbrio versus o radicalismo de Bolsonaro.
Portanto, independente da faca, Bolsonaro poderia estourar. Ou, repito: pode
estourar.
A faca não irá explicar a
possível ida de Fernando Haddad para o 2º turno. Independente da faca, o
candidato do PT, como sempre frisei, deve estar no 2º turno.
Em razão do lulismo, em
particular o lulismo do Nordeste. A estabilidade de Bolsonaro nas pesquisas e não a faca possibilita que ele não seja
descartado. Isto significa que ele pode estar no turno final da disputa. Mas,
como frisei, não despreze o candidato do PSDB. Alckmin continua vivo, apesar da
faca.
Caso Bolsonaro chegue ao 2º turno
será um Cisne Negro, um acaso, pois conseguiu contrariar diversos preditores
eleitorais, como Tempo de TV e Estrutura de campanha. Entretanto, e se não for?
Será em virtude de ter sido uma bolha. E, claro, em razão da faca, pois ela o
fez “sumir” da campanha. Portanto, a faca, a depender da conjuntura, explica,
parcialmente, a escolha do elitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário