Em uma cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira (27), Raul Jungmann, que até então era ministro da Defesa, tomou posse como ministro da recém criada pasta da Segurança Pública.
A cerimônia de posse teve a participação do
presidente Michel Temer, dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Mendes, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, do presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), e de outros ministros do governo.
No discurso, Jungmann disse que vai "abrir mão" da vida
política para se dedicar "integralmente" ao novo
ministério. Ele também afirmou que a violência no país representa um
"risco para as instituições, para o Estado e para a própria
democracia".
O ministro listou desafios a ser enfrentados na
segurança pública e citou a crise no sistema carcerário.
"Se nós olharmos mais amplamente o que vem
acontecendo com relação ao crime organizado, o cenario é tão desolador ou mais
[...] Quadrilhas que continuam de dentro do sitema carcerário a apavorar a
nossa cidadania. O sistema carcerário, que infelizmente continua a ser em larga
medida home office do crime organizado", afirmou.
O presidente Michel Temer, também em discurso,
disse que o governo federal não é "capaz de por conta própria
resolver" a crise da segurança no país. Ele defendeu a cooperação entre
União, estados e municípios e também o diálogo com o Congresso Nacional.
Ele falou sobre a intervenção federal na segurança
do Rio de Janeiro e disse que o governo não vai limitar o auxílio no combate à
violência ao estado fluminense.
Temer defendeu a integração dos esforços de
inteligência para combater o crime. Segundo ele, a medida provisória que criou
o novo ministério vai estabelecer e coordenar a integração do serviço de
segurança.
"É preciso, nos dias atuais, em face do avanço
tecnológico que o banditismo soube aproveitar, é preciso ter sistemas de
inteligência que detectem essa movimentação daqueles que traficam, que causam
os maiores problemas para a sociedade brasileira", afirmou.
Criação do novo
ministério
Jungmann ocupava o Ministério da Defesa desde o
início da gestão de Temer, em maio de 2016. Com a saída dele, o general de
Exército Joaquim Silva e Luna assumiu de forma interina o comando da pasta.
O Ministério Extraordinário da Segurança Pública
foi criado por meio de medida provisória publicada na edição desta terça do
“Diário Oficial da União”. O Congresso Nacional tem até 120 dias para aprovar,
rejeitar ou até mesmo modificar a MP. Se o texto não for analisado nesse prazo,
a medida perderá a validade.
O 29º ministério do governo de Michel Temer foi
concebido com o objetivo de “coordenar e promover a integração da segurança
pública” no país em parceria com os estados.
Na nova função, Jungmann será o responsável pela
Polícia Federal (PF), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), pela Força
Nacional e pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que deixarão à
alçada do Ministério da Justiça.
A pasta da Justiça, comandada pelo ministro
Torquato Jardim, mantém sob sua responsabilidade atribuições nas políticas
sobre defesa do consumidor, drogas, povos indígenas e refugiados, extradições e
asilos. Ações de recuperação de ativos no exterior e o Arquivo Nacional seguem
com o ministério.
Participação em
ações federais nos estados
A escolha de Raul Jungmann para assumir a nova
pasta da Segurança Pública foi oficializada pelo Palácio do Planalto na
segunda-feira (26), 10 dias após Temer decretar intervenção federal na
segurança pública do estado do Rio de Janeiro.
Jungmann foi um dos ministros mais próximos de
Temer durante as conversas que levaram à medida, aprovada pelo Congresso Nacional
e com previsão de durar até 31 de dezembro deste ano. O presidente escolheu
como interventor o general de Exército Walter Braga Netto.
Na Defesa, Jungmann já acompanhava ações na área de
segurança em parceria com os estados, autorizadas pelos decretos de Garantia da
Lei e da Ordem (GLO), que levaram homens das Forças Armadas a estados em crise
de segurança pública, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Espírito
Santo.
Perfil
Natural de Recife (PE), Raul Belens Jungmann Pinto,
65 anos, militou no antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) na juventude.
Filiado ao PPS, foi ministro no governo de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) e retornou à Esplanada com Temer, em 2016.
No governo tucano, Jungmann presidiu o Ibama e o
Incra. Ainda foi ministro extraordinário de Política Fundiária e ministro do
Desenvolvimento Agrário, pastas responsáveis pela condução da reforma agrária.
Já na gestão de Temer, ele assumiu a Defesa e, agora, a nova pasta da Segurança
Pública.
Jungmann foi eleito deputado federal por Pernambuco
em 2002 e 2006. Tentou sem sucesso candidatura ao Senado, em 2010, e se elegeu
em 2012 vereador em Recife. Nas eleições de 2014, ficou entre os suplentes na
Câmara dos Deputados e exerceu o mandato entre 2015 e 2016. Na oposição ao
governo de Dilma Rousseff, defendeu o impeachment da presidente, que levou
Michel Temer à Presidência da República.
Como deputado, Jungmann foi um dos líderes da
Frente Brasil Sem Armas, em 2005, no referendo sobre a comercialização de
armas. O ministro tem posição declarada a favor do controle de armas.
Militar na
Defesa
Natural de Barreiros (PE), Joaquim Silva e Luna, 68
anos, é o primeiro militar a assumir o Ministério da Defesa desde a criação da
pasta, em 1999.
General da reserva, Silva e Luna trabalha há quatro
anos em funções do primeiro escalão da pasta. Foi secretário de Pessoal,
Ensino, Saúde e Desporto e, desde outubro de 2015, e ocupava o cargo de
secretário-geral do ministério.
Conforme do Ministério da Defesa, a carreira de
Silva e Luna se concentra em Brasília desde meados dos anos 2000. Nome de
confiança do ex-comandante do Exército, general Enzo Peri, ele foi diretor de
patrimônio (2004-2006), chefe do gabinete do Comandante do Exército (2007-2011)
e chefe do Estado-Maior do Exército (2011-2014).
Em 2013, o general foi condenado pelo Tribunal de
Contas da União (TCU) por irregularidades em um convênio autorizado por ele em
2011, quando era chefe de gabinete do comandante do Exército.
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