quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Acervo de 7 mil cordéis será digitalizado pela Casa de Rui Barbosa

Por Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Em junho de 2016 o Ex-Prefeito da cidade de Angelim PE; Samuel Salgado foi tema de Cordel na Universidade Rural em Garanhuns

As palavras dos pioneiros do cordel impresso no Brasil e de muitos de seus sucessores farão parte de um acervo digitalizado na Fundação Casa de Rui Barbosa, instituição federal que guarda uma das mais importantes coleções do gênero literário no país.

O projeto está em fase inicial e vai abranger 7 mil das 9 mil obras da Casa de Ruy Barbosa, que ainda não estão digitalizadas. As outras 2 mil já ganharam versão digital. 

O processo deve durar todo o ano de 2019, e a publicação online para o público vai depender da aprovação de cada cordelista ou de sua família. No caso das obras que já estão em domínio público, a disponibilização na internet já está garantida.

O acervo da fundação é muito procurado por pesquisadores por conter obras do início do século 20, quando o cordel ganhou suas primeiras versões impressas com autores como o paulista Leandro Gomes de Barros, chamado de "príncipe dos poetas" por Carlos Drummond de Andrade, e o paraibano Francisco Chagas Batista, que em 1905 contou a vida do cangaceiro Antonio Silvino em oito páginas que começam com a seguinte apresentação:

"Ao público vou contar

A história de minha vida

Os crimes que commetti,

Como me fiz homicida,

E porque julgo min'halma

Eternamente perdida".

O trabalho é coordenado pela diretora do Centro de Memória e Informação da Casa de Rui Barbosa, Ana Ligia Medeiros, que conta que a coleção começou a se formar quando Sebastião Nunes Batista, filho de Francisco Chagas Batista, doou seu acervo particular para a fundação. Além de servidor da Casa de Rui Barbosa, Sebastião também era poeta e organizou uma antologia da literatura de cordel.

A coleção de cordéis raros doada por Sebastião foi crescendo com outras doações de intelectuais, artistas e pesquisadores. "Se não forem organizadas por uma instituição, essas obras acabam se perdendo porque o material é delicado", pondera Ana Ligia, que acredita ser impossível ter um acervo de toda a produção brasileira de cordel, porque muitos exemplares acabam se perdendo na casa dos leitores ou dos próprios cordelistas. "A digitalização tem um papel de preservar a memória".

Com o acervo digitalizado e disponível na internet, a diretora acredita que estudiosos de todo o país poderão enriquecer suas pesquisas sobre o tema, e professores poderão usar o cordel como material paradidático com mais facilidade. 

"Desde o começo, o cordel tem uma função de comunicar rapidamente e com uma visão bastante peculiar os acontecimentos atuais. É um registro de costumes", afirma ela, que acrescenta: "Ele tem uma linguagem acessível e existe uma possibilidade de utilização como material paradidático até no ensino fundamental. E assim a gente preserva a própria cultura do país". 

Ana Ligia diz que temas como a natureza, o amor e atualidades de cada época e região estão registradas na história do cordel, que em linguagem popular constrói belos versos como os de "O mal e o sofrimento", de Leandro Gomes de Barros: 

"Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?”

Em junho de 2016 o Ex-Prefeito da cidade de Angelim PE; Samuel Salgado, foi tema de Cordel na Universidade Rural em Garanhuns
O Ex-prefeito de Angelim, Samuel Salgado,revelou-se gratificado pelo trabalho em sua homenagem realizado pelas estudantes Ana Carolina (Carol), Juliene Barros, Ricardo Soares e Tamires Bahia, Alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE - Unidade Acadêmica de Garanhuns,(UAG) que produziram boa literatura de cordel abordando a participação política de Samuel Salgado em Angelim e no Agreste Meridional. 
Os estudantes fizeram a apresentação como parte da exigência de uma disciplina do curso. “Tudo começou com uma entrevista que Carol e Juliene fizeram com o político angelinense. O trabalho resultou em dois cordéis, elogios do professor e nota 10 na avaliação dele. 

A seguir os versos em cordel dos estudantes:

Um Político Arretado
Neste cordel falaremos 
Sobre uma história de vida 
De um político que no mundo acadêmico
Teve sua carreira reconhecida 
É de grande importância poder identificá-lo 
Seu nome é Samuel Salgado 
E através do convite Se sentiu lisonjeado 
Diante de seus relatos 
Se mostrou um cara arretado 
E muito satisfeito relembrou o seu passado 
Hoje agradece muito a quem esteve ao seu lado 
Como um bom trabalhador faz por direito 
Fez bem feito para Angelim inteiro 
Entre acertos e desacertos 
Passou por lutas, pois é guerreiro 
Inserido no contexto social e político 
Nem sua família o valorizou de verdade 
Desacreditaram dos seus sonhos 
Ainda assim não perdeu sua integridade 
Até os dezesseis anos de idade 
Foi limpador de mato 
Tudo isso se passou 
Lá no sítio Jenipapo 
Trabalhou nas áreas profissional e política 
Participou de bancas de mestrado 
Foi gerente regional da CISAGRO 
E na UFRPE foi onde fez doutorado 
Buscou atender à sociedade 
Contribuiu para toda a população 
Sofreu discriminação no passado 
Mas o que importava era alcançar realização 
Se fez presente em muitos campos 
Foi presidente da CODEAM em Garanhuns 
Mas como nem Jesus agradou todos 
Só era visto como bom por alguns 
Seu passado lhe causa orgulho 
Viu que nada do que fez foi em vão Por terem duvidado dele 
Foi questão de honra toda essa progressão. 

Política Popular 

Preste muita atenção Na história que vou contar 
Ela narra a Política 
Uma Política Popular 
Pois não muito longe d'aqui 
Numa cidade batizada de Angelim 
um jovem muito simples 
Chamado Samuel 
Nunca Baixou a cabeça 
Nem retirou o chapéu 
Pra politicagem nenhuma 
E assim começa o tendeu! 
O povo de Angelim 
Gente nova animada 
Se perguntava todo tempo 
Que política parada? 
Há anos o mesmo poderio 
Precisamos mudar o curso desse rio 
Fazer uma Angelim renovada 
O povo não hesitou 
A Samuel logo saudou 
O prefeito da mudança 
Trazia nova esperança 
Onde a juventude 
Finalmente entrava na dança 
Seu pai Deoclécio 
Não deixou de apoiar 
Homem honesto, distinto, respeitado e popular 
Sem muito pensar 
Foi logo a campanha realizar. 
Não demorou muito 
E Samuel se elegeu 
Homem forte, competente 
Uma nova política nasceu 
Preocupando-se com o povo 
Angelim logo cresceu. 
Porém os poderosos Não ficaram contentes 
Caluniaram e difamaram 
Até que de repente O povo desencantou E não mais acreditou 
No trabalho Competente 
O sonho foi desfeito 
E aquele prefeito 
Que acreditava na inovação 
Ficou apenas na intenção 
E da política se retirou 
Estudou e trabalhou 
Hoje doutor é Luta ainda por mudança 
E permanece na fé 
De um Brasil diferente 
Onde: pobres, negros e toda 
essa gente possam juntos dizer de pé 
que esse brasilzão pertence a todos 
a verdade assim é.

A Literatura de Cordel, é portanto, uma ferramenta educativa.

Fontes:Marcos Moura
Agência Brasil
Blog: Angelim.com


Sr. CARIRI

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