segunda-feira, 30 de maio de 2016

"UM TEXTO DE SAUDADE"!


Um original:  Professor EDSON TAVARES


Ao escrever o texto da semana passada, abordando minhas lembranças de Caruaru, e publicando por conta do seu aniversário, outras e outras relembranças (como dizia Antonio Miranda) foram aflorando, e acabaram por se transformar em mais um texto de saudade.


Na verdade, escrevi-o em algum aniversário de Caruaru, de anos passados, e senti-o tão atual (com o perdão do trocadilho) que reproduzo fragmentos aqui, nesta sexta-não-mais-quinta.
É como um filme, desgastado pelo tempo, mas brilhante o bastante para embriagar-me, que revejo pedaços de minha vida na “Cidade Princesa”: 



A Festa do Comércio (lembro-me de um show com Cauby Peixoto e Ângela Maria, em que ele abriu cantando “Foi num belo dia de verão, que guardo na recordação: Caruaru, Caruaru... A princesinha do norte és tu!”), a Fafica, a Rádio Difusora, a Casa da Poesia, os “becos do meu velho Vassoural” e Santa Rosa, o São João da Três de Maio, da Manuel Claudino, da Capitão Zezé... 



Subir o Monte Bom Jesus sem precisar de aparato policial; ouvir Azulão cantar “Dona Tereza”, cheio de mugangas; assistir ao “São João sem Limites” da Difusora e acompanhar o “Agreste em Festa” da Liberdade; optar pela Casa de Forró ou pelo Palhoção do Marrone; ver a Caravana de Ivan Bulhões apresentar Bau dos Oito Baixos tocando seu fole de todo jeito, até de cabeça pra baixo, Bode Preto, Jacinto Silva e Valmir Silva, com suas belas vozes; escutar Zélia Maria no “Postal Sonoro” e “Ao cair da tarde”, da Difusora, ou ainda no “Encontro com a saudade”, da Liberdade; Mac Dowel Holanda, no “Tarrabufado”, no “Roteiro de saudade” (o “itinerário de doces lembranças”) ou em “A saudade chega cedo”, ou ainda nas “Palavras para você”; curtir Gil Alves na Liberdade, em “Seja você o discotecário”; ou ainda Arlindo Silva, no “Império do Frevo”; ouvir a “Manhã Esportiva” e a “Revista do Almoço”, com Liezid Interaminense e equipe Difusora; o impagável Zé da Bronca, com o avião e a carrocinha (esta tantas vezes imitada depois); acompanhar as jornadas esportivas da REI (Rede de Emissoras do Interior: Difusoras de Caruaru, Garanhuns, 


Limoeiro e Pesqueira), com Clóvis Gonçalves e equipe; aplaudir os artistas no “Festival da Juventude”, com Giovane Rosendo, no auditório da Difusora (versão anos 80 do “Expresso da Alegria”); torcer nas partidas de futsal, no Ginásio Walter Lyra, do Comércio Futebol Clube; comer um copo de doce de leite no Bar Ypiranga, no Sertanejo, ou uma deliciosa sopa no Brasileirinho; encontrar um público mais simples no Cine Santa Rosa, espectadores da classe média no Cine Maciel ou experimentar o classe A que era o Cine Grande Hotel; emocionar-me com a eterna rivalidade entre o Diocesano e o Sete de Setembro, nos Jogos Escolares (eu era do Sete, aquele que “só se ama uma vez, a primeira e para sempre”), lanchar na Comercial Lanches, de Jarmerez Bezerra (com João Mamão e Verinha atendendo), no prédio da Associação Comercial; ou na SóSucos, de Jardiel Bezerra, no térreo da Rádio Cultura; tomar uma cervejinha gelada no Restaurante Guanabara, na Rua dos Expedicionários; varar madrugada numa seresta de José Morais, no Bar da Seresta, por trás do Grande Hotel, cujas mesas eram espalhadas pela rua; ir aos memoráveis shows da Churrascaria Trevo, com Lenice do Vale e Leonardo Chaves; deliciar-se com a agradável Festa de São Francisco, na praça da Rua Preta, com Lula Torres e o pessoal do CJC, após a missa do Padre Roque Nascimento; atravessar o bairro de São Francisco, na companhia de Aparecida Ribeiro, para apresentar o programa “Paz Inquieta”, na Divulgadora Voz do Agreste, onde Reginaldo Souza era um dos controlistas, e, na volta, almoçar o delicioso pirão na casa de Elenice, cujo pai adorava Vicente Celestino e sempre nos recebia com seus discos tocando... 



Lembrar das conversas gostosas e enriquecedoras com Kermógenes Dias, Heliomar Mafra, Josué Euzébio, Lídio Cavalcanti, Rafael Barros, Gláucia Lima e Silva, Amaro Matias, Argemiro Pascoal e Arary Marrocos, Severino Florêncio, Maria Alves,Prazeres Barbosa, Aleixo Leite Filho, Prof. Antonio Guedes, Profª Mariana Lima, Nadja Costa, Eliene Menezes, Ailza Trajano, Cícero Gomes, Ezequias Rodrigues, Roberta Alencar,Wedna Farias , Edivaldo de Castro, o Mestre Galdino – enquanto este confeccionava mais um boneco de barro –, Padre Inácio Nailson Nunes – que sumiu tão cedo e virou nome de bairro –, Euclides Farias, Mário Ferreira (Ô, Amaro!!!, gritava Agenor Farias), Madre Ceciliana Gross, Benil e Sônia Ramos – no JFAC... 


Sumida nos riscados e nos nublados do meu passado, às vezes sinto-me meio estrangeiro nesta terra de Caruaru, em que vivi 27 anos, e a qual quase não mais reconheço, embora, como diz Anastácio Rodrigues, tendo o cordão umbilical jamais cortado.

Parceiro - Sr. CARIRI

Um comentário:

  1. Oi Edson. Sou genro de seu Jarmerez e encontrei esse post por acaso. Li o texto para seu Jarmerez e ele adorou o texto e a sua lembrança da comercial lanches. Parabéns pelo blog e pela qualidade dos seus textos.

    ResponderExcluir