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Ontem
Caruaru fez aniversário (meio polêmico, é verdade, não é Walmiré?!,
mas, enfim...). Ante tantas e tantas mensagens bonitas, tocantes, também
quis registrar este momento, contando onde a História de Caruaru se
mistura com a minha.
A cidade chegou em mim primeiro pelos ouvidos, através do rádio. Nos carrascais de Santa Cruz do Capibaribe, eu-criança adolescia ao som da Difusora, da Cultura e da Liberdade. Meu imaginário construía uma Caruaru mágica, alimentada pelo que ouvia todos os dias, no velho “Vozzo” elétrico lá de casa, e confirmada quando meu pai me levava para viagens que fazia a Caruaru, a compras.
A cidade chegou em mim primeiro pelos ouvidos, através do rádio. Nos carrascais de Santa Cruz do Capibaribe, eu-criança adolescia ao som da Difusora, da Cultura e da Liberdade. Meu imaginário construía uma Caruaru mágica, alimentada pelo que ouvia todos os dias, no velho “Vozzo” elétrico lá de casa, e confirmada quando meu pai me levava para viagens que fazia a Caruaru, a compras.
Então, logo que me achei feito gente, e que meu pai, à custa de muitos
rogos e promessas de que eu me cuidaria, permitiu, comecei a viajar
sozinho. A felicidade se estampava em mim uma semana antes da viagem,
cuidadosamente planejada. Quando finalmente descia do ônibus, no
Sertanejo, um cheiro novo, diferente, me invadia. Cheiro de Caruaru.
Batia perna, rua acima, rua abaixo: visitava as rádios, conhecia os
locutores, operadores de som e discotecários, que até então sabia só de
voz e nome; depois, programa obrigatório: subir o Monte Bom Jesus,
sentir na cara o vento de Caruaru, a carícia de Caruaru no meu corpo, e
sonhar, sentado numa das pedras, sonhar que, um dia, eu me mudaria de
vez para aquela cidade-paraíso.
Foi no dia 30 de setembro de 1980
(fizera 17 anos no início desse mês), lembro-me nitidamente, no dia
seguinte ao da Festa de São Miguel, ônibus superlotado, viajei em pé
durante todo o percurso, com uma mala rala e minha máquina de escrever
Sperry Remington. Eu chegava, finalmente, para morar em Caruaru.
Sozinho, trabalhando e estudando, residi em hospedarias nos Guararapes e
depois no Sertanejo. Coração cinquentão ainda dispara quando relembro
isso tudo...
O escritório de contabilidade, a Fafica, os Grupos
Jovens, a Casa da Poesia, os colégios, o DERE, a família (a que veio de
Santa Cruz, dois anos depois, e a que construí), os alunos, os amigos...
Caruaru preencheu-me inteiro. Até as tristezas, que não foram poucas,
ficavam mais suportáveis. O Monte foi meu bálsamo durante os anos que
vivi Caruaru. Respirei felicidade em Caruaru.
Ainda agora, em outras
plagas, confirmo a frase sábia de Anastácio Rodrigues: mesmo distante, o
caruaruense não consegue cortar o cordão umbilical com sua terra; há
quase década e meia em Campina Grande, não fico duas semanas sem
atravessar a divisa. Tanto quanto na infância, Caruaru ainda é meu
oxigênio, o ar de que preciso para soprar as 159 velinhas que simbolizam
sua existência.
Parabéns, Caruaru! Obrigado pelo homem que forjou em mim.
Parabéns, Caruaru! Obrigado pelo homem que forjou em mim.
Por Sr. CARIRI
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