quarta-feira, 20 de julho de 2016

Às margens do São Francisco, festival reúne várias gerações da sanfona

THALES DE MENEZES
ENVIADO ESPECIAL A JUAZEIRO (BA)
FOLHA DE SÃO PAULO

Na noite de sábado (16), alguns talentosos sanfoneiros tocaram num palco montado às margens do rio São Francisco em Juazeiro, interior da Bahia. Essa celebração encerrou o 4º Festival Internacional da Sanfona, que durante alguns dias transformou a cidade numa espécie de capital mundial do instrumento.

Não é exagero. Desde o dia 13, sanfoneiros de todas as idades circularam pelo Centro de Cultura João Gilberto, que leva esse nome porque o pai da bossa nova é filho da cidade. Mas, nesses dias, o filho mais aclamado de Juazeiro é Targino Gondim, virtuoso da sanfona que organiza o festival, ao lado de Celso de Carvalho.
Um "superstar" na região, é conhecido nacionalmente por ser autor de "Esperando na Janela", sucesso da voz do baiano Gilberto Gil. Targino foi uma das atrações no sábado, que teve também o mestre acreano da sanfona Chico Chagas e, como convidado especial, o cantor cearense Raimundo Fagner.
      Fagner e Targino Gondim durante show de encerramento do 4º Festival Internacional da Sanfona
A ideia de Targino é mostrar as várias caras que a sanfona tem. Por isso, o evento procura reunir gente de vários lugares, músicos que têm comunhão com aquele instrumento tocado junto ao peito, que muda até de nome dependendo de onde vem o tocador.

O gaúcho Renato Borghetti, que fez um dos shows de quinta (14), toca "gaita", como é chamada a sanfona dos pampas. O argentino Gabriel Merlino toca o bandoneon, e faz isso muito bem. Deu dois shows vibrantes acompanhado da cantora Vanina Tagini, trazendo tango ao sertão.

Outro estrangeiro foi o americano Murl Sanders, que veio de Seattle mas é cidadão do mundo, a ponto de arriscar palavras em português para se comunicar com o público.

Entre as atrações brasileiras, várias gerações estavam representadas. Oswaldinho do Acordeon, 62, uma lenda do sanfona, emocionou o público na sexta (15) com seu jeito fluido de tocar. Contou histórias engraçadas e mostrou sua recente versão blues do clássico "Asa Branca".

Na mesma noite, Mestrinho, 28, deu mais uma prova de que talvez seja o grande nome da geração mais nova. Sozinho no palco, sem banda para acompanhá-lo, fez um show que foi crescendo a cada música, terminando em consagração. Ele também escolheu clássicos no repertório e recordou histórias carinhosas e divertidas sobre Dominguinhos, seu grande mestre.

Targino se apresentou com seu Quinteto Sinfônico da Bahia na abertura do festival. Ele e mais quatro sanfoneiros de primeira (Marquinhos Café, Rennan Mendes, Gel Barbosa e Sebastian Silva) mostraram a versatilidade da sanfona, que é difícil de tocar e quase sempre uma tradição familiar.
Uma cena no lobby do hotel, na manhã do sábado: um pai levou o filho para tocar diante de Oswaldinho. O veterano ouviu com atenção e, depois, passou alguns conselhos. Quem sabe daqui a alguns anos o rapaz volte como uma das atrações do festival.
O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do festival 

P/Sr. CARIRI

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