Wesley "Cachê"Safadão
José Teles
Wesley Safadão é o único cantor brasileiro,
talvez do mundo, que é divulgado não pelo que canta, mas pelo cachê que recebe
para cantar. Segundo o blog JC Negócios, do confrade Fernando Castilho ,
publicada hoje no JC Online, Safadão, ou os produtores dele, embolsou R$ 575
mil para se apresentar no São João de Caruaru.
Porém, no caso dos festejos
juninos, o cachê salgadíssimo, é até o de menos. O que as cidades que ostentam
os maiores arraiais de Pernambuco estão perpetrando, simplesmente, e ano após
ano, é descaracterizar a mais importante e maior festa nordestina.
Muito mais
do que o Carnaval, que só acontece em uns poucos municípios, enquanto o São
João é realizado em todos eles (que também está sendo descaracterizado).
À
medida que as programações são ocupadas por Luan Santana, Wesley Safadão (que
recebeu um upgrade: foi da fuleiragem para o sertanejo universitário), Bruno e
Marrone, Zezé di Camargo & Luciano, bandas de grande porte feito a Aviões
do Forró, menos as manifestações que têm a ver com a festa são contratadas,
portanto curtidas pelo povo.
Paradoxalmente, é o forró pé de serra, gênero
escanteado, a música utilizada nas peças publicitárias juninas, e não o que
cantam os artistas de cachê gordo e certo.
Num programa da Rádio Jornal, outro
dia, escutei um prócer de Limoeiro – esqueci o nome – afirmar, orgulhoso, que a
prefeitura da cidade tinha montado a programação que o limoeirense merecia. Os
limoeirenses, pelo que conferi da programação, merecem, citando uma parte das
atrações, Forró Top Lingerie, o ubíquo Safadão, Gabriel Diniz, Forró Pegado,
Forró Zueira, Dorgival Dantas (que criou um novo estilo: o fuleiragem pé de
serra), o onipresente Aviões do Forró, Jammil e Luan Santana (que também está
em todas as grandes cidades).
No dia 25, ou seja, no dia seguinte ao São João,
programaram Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Jorge de Altinho. Por que não na
véspera, quando acontece o auge dos festejos? Ora, porque o povo está tão
condicionado a escutar a música que lhe é impingida o ano inteiro, que poderia
estranhar o repertório de Elba, Geraldinho e de Jorge. A maioria do público que
lota os grandes palcos não responde quando escuta música regional nordestina,
que não seja a de dois acordes, mesma melodia, e letras assemelhadas, das
bandas de fuleiragem, ou os sertanejos que aparecem na trilha da novela.
E
Citei Limoeiro, como poderia citar Petrolina, que hoje tem uma programação que
consegue abrigar Leno (presumo que o da Jovem Guarda), Jorge de Altinho,
Gusttavo Lima e Aviões do Forró. Enquanto isso, nomes de peso da música local
não figuram no São João pernambucano. Silvério Pessoa, por exemplo, canta
Jackson do Pandeiro para poucos. Em nenhum palco pode-se conferir o trabalho
refinado da Spok e Orquestra Forrobodó, tocando com Beto Hortiz, e alguns dos melhores
sanfoneiros do estado.
A retomada do que fazia, por exemplo, o Mestre Camarão
nos anos 60 e 70, animando os forrós à frente de uma orquestra. Enfim, estão
mudando a tradição da festa do São João, sem permitir que isso aconteça natural
e organicamente. Mas desvalorizando suas manifestações originais, em troca de
artistas que não trazem nada portanto, também não deixam nada. Podem até ter
suas qualidades, mas não têm nada a ver com festejos juninos.
Destrói-se assim
a tradição não por ações iconoclastas, mas de vandalismo cultural.
Nota - Sr. CARIRI - Comenta-se até que muitos jovens de Campina Grande, Recife e outras cidades da região, nesta época do ano, estão indo para Caruaru motivados pelo atrativo das bandas e cantores que não tem nada a ver com o forró. O maior público até agora foi o do "Safadão". Imaginem os Senhores. Por esta razão Alcymar Monteiro botou a boca no trombone, não foi contratado para a 'A Capital do Forró' porém cantou no Parque do Povo em Campina, diante do maior público até então.
JC
Parceiro/ Sr. CARIRI
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