Professor
Venho de um tempo em que Jornalismo era uma atividade de divulgação e registro dos fatos, como estes aconteciam: o olhar do jornalista, o microfone do entrevistador, a câmera da TV eram apenas e tão somente olhos e ouvidos a cunhar os fatos e leva-los à comunidade, sob a forma de notícia, de informação.
Por essa razão, o Jornalismo era tido como algo sério, credibilizado, a exigir, para isso, uma postura grave, inclusive na dicção do apresentador da notícia, no tom da voz, que procurava ser o mais sóbrio possível.
Mas aí começou a se achar que a coisa estava séria demais, artificial demais, que precisava ter mais naturalidade, mais jeito e cheiro de vida real. A voz começou a mudar de inflexão, e a grave leitura foi se modificando, aos poucos, em coloquialismo, em descontração.
Mudança até certo ponto bem vinda, que o mundo da mídia precisava de mais flexibilidade, mais maleabilidade. As transformações, foram, então, acontecendo numa proporção geométrica, e terminou se perdendo a mão do tempero, a coisa foi virando esculhambação, mediocridade.
Notícia deixou de ser informação, passou a ser SHOW. A TV, com a possibilidade da imagem, tem sido a grande responsável por esse afrouxamento. O Jornalismo perdeu o espaço de “testemunha ocular da História” e foi se colocando como o produtor de esquetes teatrais de quinta categoria.
Cenas explicitamente ensaiadas (mal ensaiadas) são toscamente encenadas frente às câmeras, numa distante tentativa de captar o momento do fato. O faz-de-conta, a simulação assumem o lugar do acontecimento, do qual um repórter com sérias deficiências de formação escolar e acadêmica (alguns, desconfio, até mentais), procura extrair, à força de trocadilhos infames, algum humor.
O avacalhamento maior está na imprensa esportiva (pergunto-me como alguém tem saco para assistir a um noticiário esportivo na TV), mas espalha-se feito uma praga aos demais espaços jornalísticos. Berra escancaradamente nas emissoras locais e regionais (vide o exemplo que ilustra esta postagem), mas também dá o ar da (des)graça em rede nacional.
Ainda creio que essa baboseira seja o impacto do bambu, libertado de um extremo, visitando o oposto, e que, aos poucos, a coisa vá se estabilizar, sem a rigidez do passado, mas também sem essa coisa ridícula de encerrar uma notícia com todo mundo dando “tchauzinho” ou gritando em uníssono para a câmera.
É esperar pra ver!
Parceiro: Sr. CARIRI *** O jornalismo era um dogma.Bandeira de isenção.
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