terça-feira, 27 de agosto de 2019

MORRE A VOZ MARCANTE DO RÁDIO CARUARUENSE, ALCINDA BELTRÃO

ORIGINAL



Eu criança em Santa Cruz do Capibaribe, ouvinte assíduo de rádio, era fã de uma turma muito doida, que fazia o programa “Patrulha da Cidade”, na Rádio Clube, lá pelos idos dos anos 70. Agnaldo Batista, Rosa Maria e mais um monte de gente talentosa, fazia um rádio como há muito não se ouve.

Mas a minha preferida era a dona de uma voz marcante, chamada ALCINDA BELTRÃO. Ouvia-a no rádio, via-a na tv, que era uma profissional de vários instrumentos e de muitos talentos.
Depois, Alcinda saiu do ar, mas nunca da minha memória. 

Há algum tempo, envolvido em escrever a história do rádio caruaruense, levei um bom tempo para localizá-la, na cidade de Lajedo, onde estava residindo, ao lado da irmã. Tinha acabado de perder o segundo filho – o primeiro se fora menos de um ano antes.

Mas não encontrei uma senhora ranzinza, deprimida, de mau humor. Pelo contrário, Alcinda, que voltara a ser Juraci Sobreira Gomes, seu nome de batismo, ou dona Nenen, como era conhecida na vizinhança, cultivava um bom humor constante. Não perdia uma chance de fazer piada.

Eu me sentia nas nuvens, de poder conhecer, tantos anos depois, um dos meus ídolos radiofônicos de adolescência. E, mais ainda, constatando ser ela, pessoalmente, tão simpática e acessível.

Fizemo-nos amigos nas vezes que nos encontramos. Fuçamos fotos do seu passado glorioso de rádio e tv. Entrando na onda, fiz uma foto dela usando a velha faixa de rainha do rádio, com que foi condecorada, tantos anos atrás. Almoçamos juntos algumas vezes, viajamos para Garanhuns...

Eu contava com ela para o lançamento do livro “Amplitude Modulada”, em março passado. Ela sempre disse que iria, mas no dia me ligou explicando que tinha perdido a dentadura, e, rindo bastante, disse que não ia banguela para uma festa daquela.

Fui mais uma vez a Lajedo, para mostrar-lhe o livro pronto! Ela ficou maravilhada. Disse que ninguém tinha escrito a vida dela daquele jeito. Uma energia boa nos unia, e eu saí de lá sem querer sair.

Semana passada, soube do AVC gravíssimo que a abateu. Ontem, Alcinda Beltrão não resistiu e faleceu, no Hospital da Restauração, no Recife. 
Que tristeza grande! Que inexplicável sentimento toma conta de mim, ao perder a minha paixão de ouvinte adolescente de rádio, que se transformou numa amiga tão querida, na maturidade. Pena que não conseguimos viver mais tempo; mas o pouco que convivemos valeu por tantos e tantos anos de espera.

O rádio de um passado de ouro tem uma de suas mais belas vozes calada para sempre. Adeus, minha querida Alcinda Beltrão!

2 comentários:

  1. Obg por fazer minha feliz, gostei muito da sua matéria. Ela deixou 3 netos. Caso queira mais detalhes pode entrar em contato 81985829134 zap ou 81997376768

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  2. Correção (Obg por fazer minha vó feliz)

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