Na primeira reunião de 2016, a CPI das Faculdades Irregulares tomou
sete depoimentos . Durante o encontro desta quarta(17), instituições
privadas de ensino com sede em Cabrobró, Floresta e Caruaru confirmaram a
prática ilegal de terceirização do ensino, uma das práticas irregulares
apuradas pela comissão.
De acordo com o relatório parcial da CPI, a Faculdade de
Desenvolvimento e Integração Regional (Fadire) e a Fundação de Ensino
Superior de Olinda (Funeso), além de outras instituições vinculadas à
Uninacional, operam um esquema de convênios com inúmeros institutos para
captação de alunos para os cursos de extensão sem autorização do
Ministério da Educação (MEC). Ao final, segundo a investigação, elas
aproveitam os certificados para transformar em diplomas de graduação.
Representando o Instituto Educacional Lourival Simões, de Cabrobró,
Hosanete Medeiros confirmou à CPI que ofereceu cursos de extensão em
Serviços Sociais, Educação Física e Ciências Contábeis em nome da
Fadire. Segundo ela, 35% das mensalidades recebidas dos 120 alunos era
repassado para a faculdade, que prometia aproveitar os créditos na
graduação. De acordo com Hosanete, o convênio foi cancelado após a
instauração da CPI.
Edivânia Maria Silva Souza, do Instituto Superior de Floresta (ISEF)
também confirmou as práticas de terceirização do ensino e o mesmo
percentual de repasse para a Fadire. Conforme o depoimento, o instituto
oferece os cursos de extensão em Administração, Serviço Social,
Pedagogia e Letras para mais de mil alunos em cerca de 15 municípios.
Edivânia acrescentou que, mesmo após decisões liminares da Justiça
suspendendo essas práticas, os cursos foram mantidos, em modelo
semelhante, mas agora em parceria com outras instituições.
Diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Educacional
Brasileiro, Daniel Caraúna da Motta informou que a empresa, com sede em
Caruaru, atende 56 alunos em Agrestina e Rio Formoso no curso de
extensão em Pedagogia, em nome de uma faculdade, segundo ele, sediada no
Espírito Santo. De acordo com ele, esta ficaria com 70% do valor pago
pelos alunos.
Citada no relatório parcial da CPI por cometer crimes de estelionato e
associação criminosa, assim como pela conduta de publicidade enganosa, a
coordenadora do programa de extensão da Fadire e representante legal do
Centro Master, Pollyanna Tereza Lima Carvalho foi ouvida como
investigada e optou por permanecer em silêncio durante o depoimento. Ela
negou, porém, que siga captando alunos e afirmou que foi afastada pela
Fadire em dezembro.
O presidente da CPI, Rodrigo Novaes (PSD), mostrou desconfiança com a
alegação das testemunhas de que também foram vítimas do golpe, pois
desconheciam estar cometendo uma irregularidade. “A gente vê de maneira
clara institutos em todas as regiões do Estado que serviram como braços
para uma atitude ilícita”, disse Novaes, apontando que a comissão
buscará ouvir a Uninacional, com sede em Brasília, apontada como
possível “cérebro” do esquema.
Nesta quarta, também foram ouvidos funcionários do Instituto
Educacional de Cultura, Estudo, Pesquisa e Desenvolvimento Humano
(Ieduc) e da Faculdade Anchieta, que negaram ser os representantes das
entidades e indicaram outros nomes para ser convidados como testemunhas.
Publicado no Diário Oficial do Estado de Pernambuco em 18.02.2016 - Uma quinta-feira
Por/ Sr. CARIRI
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