Por Roberto Almeida
A primeira vez que fui a Angelim era menino ainda. Nunca tinha ido a capital, e em Capoeiras, terra natal, jogava num time de garotos que era chamado simplesmente de Escolinha.
Embora não fosse bom jogador, amava estar dentro de campo, de calção, aquelas meias longas, a camisa e as chuteiras.
Os craques de Capoeiras eram Cacau, Cid (meu primo) e Zizi.
Beto também era bom de bola, com faro de centroavante.
Fiz poucos gols, jogando na Escolinha, um deles foi em Palmeirina, numa partida em que perdemos por 2 x 1.
O jogo em Angelim, na minha meninice eu nem lembro como foi.
O que ficou na lembrança mesmo foi a chegada ao Clube Aras, que aos olhos de criança parecia grandioso.
É um clube tradicional na cidade, ainda hoje existe, recebe a atenção devida do Poder Público.
Neste dia, no Aras, numa vitrola (o aparelho de som daquela época) tocava o LP (disco de vinil, que dominou o mercado até surgir o CD) "Guitâ", lançado no ano de 1974 pelo Raul Seixas.
Todos nós adolescentes ouvíamos o Raul naquele tempo.
"Ouro de Tolo" tinha sido lançada no ano anterior, projetando o artista e "Guitâ", o seu segundo disco, é certamente o melhor de sua carreira.
Tem, além da música título, inspirada num livro indiano, O Trem das Sete, Medo da Chuva, S.O.S e Água Viva.
Esta última música não tem nada a ver com o livro de Clarice Lispector. É um poema de São João da Cruz, musicado por Raul e Paulo Coelho sem dar nenhum crédito ao pensador católico.
Voltei a jogar bola em Angelim mais duas vezes, já coroa, participando de um time de veteranos, também de Capoeiras, denominado de Acorda Cedo.
Uma partida foi no campo da Chesf e tomamos uma goleada.
Outra foi disputada no campo da Cohab e terminou, se a memória não me trai, empatada.
Quando estudante do Colégio Diocesano, tive como colegas o João Marcos e Manoel, este último irmão de Samuel Salgado.
João foi vereador e secretário, quando do primeiro mandato de Samuel.
Este conheci em 1982, quando ele foi candidato a prefeito de Angelim, bastante jovem e se elegeu pelo PMDB, acredito que o único do partido que fazia oposição à ditadura a vencer, no Agreste Meridional.
Em 1993, quando vim do Recife, depois de morar na capital por mais de 15 anos, aluguei uma casa em Angelim para Terezinha.
Ela morou lá dois anos, com Daniela e Tiago, que tinham 4 e 2 anos, respectivamente.
Secretário de Educação em Capoeiras, ficava nas casa dos meus pais e na sexta-feira pegava a estrada para Angelim.
Passava religiosamente os finais de semana por lá, na companhia de Tereza e dos meus dois filhos.
Era uma rua muito tranquila, perto da Cohab, arborizada, com ótima vizinhança.
Na casa ao lado morava o casal Joaquim e Francisca, ele funcionário da Compesa.
Por isso era conhecido na cidade como Quinca da Compesa.
Os filhos deles eram pequenos, quando nos instalamos lá. Tinham poucos anos a mais que os meus.
Dona Francisca, que faleceu poucos dias atrás (recebi a notícia com muita tristeza), foi de uma bondade com Terezinha e os meninos que jamais irei esquecer.
Fez muito por eles, sem nunca querer absolutamente nada em troca.
Angelim, no inverno, não fica muito diferente de Garanhuns.
Lembro da cidade nos meses de junho e julho, a chuva, o frio e as ruas tão quietas que às vezes sentíamos falta de movimento.
Na casa de frente morava Valdinho e Madalena. Ele tinha sido vereador do município e também foi muito gentil conosco.
Como a casa que alugamos não tinha garagem, Valdinho gentilmente deixava eu guardar meu carro no espaço enorme que tinha ao lado de sua residência.
Nesses tempos de Angelim fui muitas vezes ao comércio, fiz feira em supermercados do centro, comprei remédios para os filhos na farmácia de Jair (acredito que é este o nome), irmão de Jonas Lira, que trabalhou até se aposentar na Rádio Sete Colinas.
Comprei roupas para os meninos também, numa loja que ficava próxima do prédio da prefeitura.
Samuel, o prefeito, só incomodei quando pedi o caminhão para trazer a mudança de Terezinha. Fiquei devendo essa a ele até hoje, principalmente pela maneira cordial com que atendeu o meu pedido.
Quis o destino, depois, que eu namorasse uma prima sua, Joselita, com quem tive uma filha adorável, Vitória, hoje psicóloga.
Jô, como a chamo até hoje, pois nunca deixamos de ser amigos, é de Jupi, mas morou mais em Lajedo e Garanhuns (onde vive hoje, com nossa filha amada), do que em sua cidade natal.
Mas as lembranças que tenho de Angelim são muito boas.
Eu tinha menos da metade da idade de hoje, Terezinha não tinha completado ainda 25 e gostávamos realmente um do outro, apesar da barreira social que existia entre nós.
Não demorou muito, decidi ser sincero com Jô, optei por assumir de vez Tereza e juntos estamos no mesmo endereço até hoje, no bairro Francisco Figueira (Cohab II), em Garanhuns.
Mas Angelim é um capítulo importante da minha vida. Lá vivi dias muito tranquilos, fui feliz, a cidade só me mostrou seu lado bom, de gente tranquila.
Na campanha política passada, embora não conhecesse pessoalmente Caíque, abracei sua candidatura e pela internet fiz o que estava ao meu alcance para que ele conseguisse a vitória.
Depois que ele se elegeu prefeito esteve na minha casa, na companhia de Samuel, Ozano Júnior, um rapaz de nome Fernando e outra pessoa de Angelim.
No aniversário da cidade, neste mês de junho, estive lá e pude rever suas ruas simpáticas, respirar seu ar de lugar tranquilo.
Lá reencontrei Nelma, minha prima, que foi diretora da Gerência Regional de Educação, ela com raízes em Angelim.
Nadson, seu irmão, é secretário de Infraestrutura do governo de Caíque.
A Valdinho e Dona Francisca, que já partiram, ao meu amigo Samuel, ao meu colega de profissão, Marcos Moura e ao prefeito Caíque dedico essa crônica.
Aquele abraço para todo povo de Angelim!
*Foto de Angelim com a Igreja de São José em destaque. Diocese de Garanhuns.
Embora não fosse bom jogador, amava estar dentro de campo, de calção, aquelas meias longas, a camisa e as chuteiras.
Os craques de Capoeiras eram Cacau, Cid (meu primo) e Zizi.
Beto também era bom de bola, com faro de centroavante.
Fiz poucos gols, jogando na Escolinha, um deles foi em Palmeirina, numa partida em que perdemos por 2 x 1.
O jogo em Angelim, na minha meninice eu nem lembro como foi.
O que ficou na lembrança mesmo foi a chegada ao Clube Aras, que aos olhos de criança parecia grandioso.
É um clube tradicional na cidade, ainda hoje existe, recebe a atenção devida do Poder Público.
Neste dia, no Aras, numa vitrola (o aparelho de som daquela época) tocava o LP (disco de vinil, que dominou o mercado até surgir o CD) "Guitâ", lançado no ano de 1974 pelo Raul Seixas.
Todos nós adolescentes ouvíamos o Raul naquele tempo.
"Ouro de Tolo" tinha sido lançada no ano anterior, projetando o artista e "Guitâ", o seu segundo disco, é certamente o melhor de sua carreira.
Tem, além da música título, inspirada num livro indiano, O Trem das Sete, Medo da Chuva, S.O.S e Água Viva.
Esta última música não tem nada a ver com o livro de Clarice Lispector. É um poema de São João da Cruz, musicado por Raul e Paulo Coelho sem dar nenhum crédito ao pensador católico.
Voltei a jogar bola em Angelim mais duas vezes, já coroa, participando de um time de veteranos, também de Capoeiras, denominado de Acorda Cedo.
Uma partida foi no campo da Chesf e tomamos uma goleada.
Outra foi disputada no campo da Cohab e terminou, se a memória não me trai, empatada.
Quando estudante do Colégio Diocesano, tive como colegas o João Marcos e Manoel, este último irmão de Samuel Salgado.
João foi vereador e secretário, quando do primeiro mandato de Samuel.
Este conheci em 1982, quando ele foi candidato a prefeito de Angelim, bastante jovem e se elegeu pelo PMDB, acredito que o único do partido que fazia oposição à ditadura a vencer, no Agreste Meridional.
Em 1993, quando vim do Recife, depois de morar na capital por mais de 15 anos, aluguei uma casa em Angelim para Terezinha.
Ela morou lá dois anos, com Daniela e Tiago, que tinham 4 e 2 anos, respectivamente.
Secretário de Educação em Capoeiras, ficava nas casa dos meus pais e na sexta-feira pegava a estrada para Angelim.
Passava religiosamente os finais de semana por lá, na companhia de Tereza e dos meus dois filhos.
Era uma rua muito tranquila, perto da Cohab, arborizada, com ótima vizinhança.
Na casa ao lado morava o casal Joaquim e Francisca, ele funcionário da Compesa.
Por isso era conhecido na cidade como Quinca da Compesa.
Os filhos deles eram pequenos, quando nos instalamos lá. Tinham poucos anos a mais que os meus.
Dona Francisca, que faleceu poucos dias atrás (recebi a notícia com muita tristeza), foi de uma bondade com Terezinha e os meninos que jamais irei esquecer.
Fez muito por eles, sem nunca querer absolutamente nada em troca.
Angelim, no inverno, não fica muito diferente de Garanhuns.
Lembro da cidade nos meses de junho e julho, a chuva, o frio e as ruas tão quietas que às vezes sentíamos falta de movimento.
Na casa de frente morava Valdinho e Madalena. Ele tinha sido vereador do município e também foi muito gentil conosco.
Como a casa que alugamos não tinha garagem, Valdinho gentilmente deixava eu guardar meu carro no espaço enorme que tinha ao lado de sua residência.
Nesses tempos de Angelim fui muitas vezes ao comércio, fiz feira em supermercados do centro, comprei remédios para os filhos na farmácia de Jair (acredito que é este o nome), irmão de Jonas Lira, que trabalhou até se aposentar na Rádio Sete Colinas.
Comprei roupas para os meninos também, numa loja que ficava próxima do prédio da prefeitura.
Samuel, o prefeito, só incomodei quando pedi o caminhão para trazer a mudança de Terezinha. Fiquei devendo essa a ele até hoje, principalmente pela maneira cordial com que atendeu o meu pedido.
Quis o destino, depois, que eu namorasse uma prima sua, Joselita, com quem tive uma filha adorável, Vitória, hoje psicóloga.
Jô, como a chamo até hoje, pois nunca deixamos de ser amigos, é de Jupi, mas morou mais em Lajedo e Garanhuns (onde vive hoje, com nossa filha amada), do que em sua cidade natal.
Mas as lembranças que tenho de Angelim são muito boas.
Eu tinha menos da metade da idade de hoje, Terezinha não tinha completado ainda 25 e gostávamos realmente um do outro, apesar da barreira social que existia entre nós.
Não demorou muito, decidi ser sincero com Jô, optei por assumir de vez Tereza e juntos estamos no mesmo endereço até hoje, no bairro Francisco Figueira (Cohab II), em Garanhuns.
Mas Angelim é um capítulo importante da minha vida. Lá vivi dias muito tranquilos, fui feliz, a cidade só me mostrou seu lado bom, de gente tranquila.
Na campanha política passada, embora não conhecesse pessoalmente Caíque, abracei sua candidatura e pela internet fiz o que estava ao meu alcance para que ele conseguisse a vitória.
Depois que ele se elegeu prefeito esteve na minha casa, na companhia de Samuel, Ozano Júnior, um rapaz de nome Fernando e outra pessoa de Angelim.
No aniversário da cidade, neste mês de junho, estive lá e pude rever suas ruas simpáticas, respirar seu ar de lugar tranquilo.
Lá reencontrei Nelma, minha prima, que foi diretora da Gerência Regional de Educação, ela com raízes em Angelim.
Nadson, seu irmão, é secretário de Infraestrutura do governo de Caíque.
A Valdinho e Dona Francisca, que já partiram, ao meu amigo Samuel, ao meu colega de profissão, Marcos Moura e ao prefeito Caíque dedico essa crônica.
Aquele abraço para todo povo de Angelim!
*Foto de Angelim com a Igreja de São José em destaque. Diocese de Garanhuns.
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