OMS afirmou que o fenômeno natural teve "proporções épicas"
Cerca de 10 mil pessoas afetadas por um ciclone no nordeste da Líbia estão desaparecidas, o que aumenta o temor de que o número de mortos pelo desastre natural seja superior do que os 2,4 mil relatados até agora pelas autoridades, segundo informações do representante da maior rede de ajuda humanitária do mundo.
O delegado da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Tamer Ramadan, disse que o ciclone Daniel foi tão devastador na Líbia quanto o grande terremoto que atingiu Marrocos.
– Podemos confirmar que milhares de pessoas perderam a vida, milhares estão desaparecidas e milhares perderam as suas casas, mas os números finais serão estabelecidos pelas nossas equipes que estão avaliando a situação no terreno – disse.
A Organização Internacional da Saúde (OMS) afirmou que o ciclone teve “proporções épicas” e que enviou um primeiro carregamento com 40 toneladas de ajuda que deverá chegar em breve à zona afetada.
– Estamos fazendo tudo o que podemos para prestar primeiros socorros, evacuar feridos, fornecer apoio psicossocial e outros serviços humanitários, mas as necessidades são enormes e excedem em muito a capacidade do Crescente Vermelho Líbio e do próprio governo – explicou Ramadan.
As comunicações representam um grande problema devido à falta de energia elétrica, e à interrupção dos serviços de telefonia móvel e internet nas zonas afetadas pelo ciclone, que chegou no último domingo à cidade de Derna, a mais danificada. Essa cidade costeira é a quarta mais populosa do país, com cerca de 120 mil habitantes no momento do desastre natural.
Nestas circunstâncias, as autoridades que governam o leste do país solicitaram ajuda internacional.
– Pedimos aos nossos parceiros internacionais que voltem a se concentrar na Líbia e deem todo o apoio que puderem para avançar – disse Ramadan.
Para Laura Waisbich, presidente sabotou seu projeto de reforma na governança global com falas sobre o Tribunal Penal Internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabota seu projeto de reforma na governança global com declarações infelizes a respeito do Tribunal Penal Internacional. A avaliação é da diretora do programa de estudos brasileiros da Universidade de Oxford, Laura Trajber Waisbich.
O Brasil não é o único país que questiona o funcionamento do TPI, mas existem outras maneiras de contestá-lo. Fazer isso em uma entrevista soa como uma provocação e não ajuda ninguém – avalia ela.
A seguir, trechos da entrevista de Waisbich ao Estadão.
As declarações de Lula atrapalham o projeto multilateral brasileiro?
Elas têm uma consequência e uma repercussão problemática. A consequência começa no nível discursivo, porque historicamente o próprio presidente trabalha com uma ideia de fortalecimento do multilateralismo. É justamente isso que levou à construção do Brics e à aspiração brasileira pela reforma do Conselho de Segurança da ONU. Essa vontade é central na política externa brasileira. Lula é o grande expoente dessa ideia.
Então, há um conflito entre o discurso de reforma e uma menção infeliz de desrespeito ao TPI. É infeliz porque ele sabota a própria construção feita por ele mesmo e pelo seu governo de reforma do multilateralismo. Isso não significa que o Brasil não possa debater a seletividade do TPI e em que medida ele falha, como falhou, por exemplo, no julgamento de autoridades americanas na guerra contra o terrorismo.
Como isso afeta a diplomacia brasileira?
Lula continuará sendo o maior diplomata do Brasil. A diplomacia presidencial é característica do seu governo. Muitas vezes, ele dá uma declaração e depois revê o que falou. Já aconteceu em relação à guerra na Ucrânia e continuará acontecendo, porque faz parte de sua personalidade. No longo prazo, isso pode tirar a credibilidade dele em alguns assuntos, principalmente em uma possível mediação da guerra na Ucrânia, porque o Brasil ainda não acertou o discurso sobre o tema.
Se Lula quer se colocar como mediador, precisa jogar com as regras do multilateralismo. Essa é uma atividade de governança global e multilateral. Então, não faz sentido ele dizer que não respeita o que foi determinado pelo TPI. O Brasil não é o único país que questiona o funcionamento do órgão, mas existem outras maneiras de contestá-lo. Fazer isso em uma entrevista soa como uma provocação e não ajuda ninguém.
É possível que Putin venha ao Brasil para o G20?
Putin já teve duas oportunidades de viajar para países do Brics, que são teoricamente os que não têm um discurso frontal contra a Rússia. Ele não foi à Índia, nem à África do Sul. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu que ele não comparecesse à reunião do Brics. Não seria bom para o Brasil que ele viesse para a cúpula do G20. A diplomacia brasileira deve tentar convencer os russos de que é melhor que Putin não venha, para não colocar o Brasil em uma situação complicada.
Quais são os desafios da diplomacia brasileira?
Afinar as críticas e torná-las produtivas. O papel histórico do Brasil é de alavancar uma reforma da governança global. É necessário que os atores inconformados protestem contra o atual sistema. Uma figura como a de Lula tem força política para fazer uma crítica mais contundente. Ele tem visibilidade e capacidade de articulação. O que falta é afinar o discurso. Frases de efeito e declarações não pensadas prejudicam a construção da cúpula do G20.
Lula precisa fazer críticas concisas e embasadas, e não declarações simples que podem minar a credibilidade do governo brasileiro.
Ex-presidente passou por dois procedimentos em São Paulo

Segundo boletim médico, divulgado no fim da manhã, os procedimentos ocorreram “de forma satisfatória” e o ex-presidente está em recuperação no quarto.
O ex-chefe do Executivo foi internado na tarde desta segunda (11). Nas últimas semanas, Bolsonaro passou por exames na mesma unidade hospitalar para definição das cirurgias. O procedimento para correção da hérnia de hiato teve como objetivo tratar refluxo, soluços e tosses secas, enquanto a cirurgia no septo ocorreu para melhorar a condição respiratória do ex-presidente.
Também há previsão de procedimento nas alças intestinais. O ex-presidente já fez cinco cirurgias desde que levou uma facada em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial de 2018. O último procedimento ocorreu nos Estados Unidos, em janeiro deste ano.
No dia 9 daquele mês, um dia após os atos de invasão e depredação das sedes dos Três Poderes por seus apoiadores, em Brasília, ele sentiu dores abdominais e precisou tratar de uma aderência em uma hérnia incisional.
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