terça-feira, 12 de setembro de 2023

Ciclone na Líbia deixa cerca de 10 mil pessoas desaparecidas, “Falas de Lula podem tirar sua credibilidade”, diz especialista, Boletim médico pós-cirúrgico de Jair Bolsonaro é divulgado

OMS afirmou que o fenômeno natural teve "proporções épicas"
Cerca de 10 mil pessoas afetadas por um ciclone no nordeste da Líbia estão desaparecidas, o que aumenta o temor de que o número de mortos pelo desastre natural seja superior do que os 2,4 mil relatados até agora pelas autoridades, segundo informações do representante da maior rede de ajuda humanitária do mundo.

O delegado da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Tamer Ramadan, disse que o ciclone Daniel foi tão devastador na Líbia quanto o grande terremoto que atingiu Marrocos.

– Podemos confirmar que milhares de pessoas perderam a vida, milhares estão desaparecidas e milhares perderam as suas casas, mas os números finais serão estabelecidos pelas nossas equipes que estão avaliando a situação no terreno – disse.

A Organização Internacional da Saúde (OMS) afirmou que o ciclone teve “proporções épicas” e que enviou um primeiro carregamento com 40 toneladas de ajuda que deverá chegar em breve à zona afetada.

– Estamos fazendo tudo o que podemos para prestar primeiros socorros, evacuar feridos, fornecer apoio psicossocial e outros serviços humanitários, mas as necessidades são enormes e excedem em muito a capacidade do Crescente Vermelho Líbio e do próprio governo – explicou Ramadan.

As comunicações representam um grande problema devido à falta de energia elétrica, e à interrupção dos serviços de telefonia móvel e internet nas zonas afetadas pelo ciclone, que chegou no último domingo à cidade de Derna, a mais danificada. Essa cidade costeira é a quarta mais populosa do país, com cerca de 120 mil habitantes no momento do desastre natural.

Nestas circunstâncias, as autoridades que governam o leste do país solicitaram ajuda internacional.

– Pedimos aos nossos parceiros internacionais que voltem a se concentrar na Líbia e deem todo o apoio que puderem para avançar – disse Ramadan.

Para Laura Waisbich, presidente sabotou seu projeto de reforma na governança global com falas sobre o Tribunal Penal Internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabota seu projeto de reforma na governança global com declarações infelizes a respeito do Tribunal Penal Internacional. A avaliação é da diretora do programa de estudos brasileiros da Universidade de Oxford, Laura Trajber Waisbich.



O Brasil não é o único país que questiona o funcionamento do TPI, mas existem outras maneiras de contestá-lo. Fazer isso em uma entrevista soa como uma provocação e não ajuda ninguém – avalia ela.

A seguir, trechos da entrevista de Waisbich ao Estadão.

As declarações de Lula atrapalham o projeto multilateral brasileiro?

Elas têm uma consequência e uma repercussão problemática. A consequência começa no nível discursivo, porque historicamente o próprio presidente trabalha com uma ideia de fortalecimento do multilateralismo. É justamente isso que levou à construção do Brics e à aspiração brasileira pela reforma do Conselho de Segurança da ONU. Essa vontade é central na política externa brasileira. Lula é o grande expoente dessa ideia.

Então, há um conflito entre o discurso de reforma e uma menção infeliz de desrespeito ao TPI. É infeliz porque ele sabota a própria construção feita por ele mesmo e pelo seu governo de reforma do multilateralismo. Isso não significa que o Brasil não possa debater a seletividade do TPI e em que medida ele falha, como falhou, por exemplo, no julgamento de autoridades americanas na guerra contra o terrorismo.

Como isso afeta a diplomacia brasileira?

Lula continuará sendo o maior diplomata do Brasil. A diplomacia presidencial é característica do seu governo. Muitas vezes, ele dá uma declaração e depois revê o que falou. Já aconteceu em relação à guerra na Ucrânia e continuará acontecendo, porque faz parte de sua personalidade. No longo prazo, isso pode tirar a credibilidade dele em alguns assuntos, principalmente em uma possível mediação da guerra na Ucrânia, porque o Brasil ainda não acertou o discurso sobre o tema.

Se Lula quer se colocar como mediador, precisa jogar com as regras do multilateralismo. Essa é uma atividade de governança global e multilateral. Então, não faz sentido ele dizer que não respeita o que foi determinado pelo TPI. O Brasil não é o único país que questiona o funcionamento do órgão, mas existem outras maneiras de contestá-lo. Fazer isso em uma entrevista soa como uma provocação e não ajuda ninguém.

É possível que Putin venha ao Brasil para o G20?

Putin já teve duas oportunidades de viajar para países do Brics, que são teoricamente os que não têm um discurso frontal contra a Rússia. Ele não foi à Índia, nem à África do Sul. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pediu que ele não comparecesse à reunião do Brics. Não seria bom para o Brasil que ele viesse para a cúpula do G20. A diplomacia brasileira deve tentar convencer os russos de que é melhor que Putin não venha, para não colocar o Brasil em uma situação complicada.

Quais são os desafios da diplomacia brasileira?

Afinar as críticas e torná-las produtivas. O papel histórico do Brasil é de alavancar uma reforma da governança global. É necessário que os atores inconformados protestem contra o atual sistema. Uma figura como a de Lula tem força política para fazer uma crítica mais contundente. Ele tem visibilidade e capacidade de articulação. O que falta é afinar o discurso. Frases de efeito e declarações não pensadas prejudicam a construção da cúpula do G20.

Lula precisa fazer críticas concisas e embasadas, e não declarações simples que podem minar a credibilidade do governo brasileiro.

Ex-presidente passou por dois procedimentos em São Paulo
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) realizou na manhã desta terça-feira (12) duas cirurgias no Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo. Um dos procedimentos tinha como objetivo corrigir uma hérnia de hiato, para tratar um quadro de refluxo, e o segundo, um desvio de septo, para melhorar a condição respiratória.

Segundo boletim médico, divulgado no fim da manhã, os procedimentos ocorreram “de forma satisfatória” e o ex-presidente está em recuperação no quarto.

O ex-chefe do Executivo foi internado na tarde desta segunda (11). Nas últimas semanas, Bolsonaro passou por exames na mesma unidade hospitalar para definição das cirurgias. O procedimento para correção da hérnia de hiato teve como objetivo tratar refluxo, soluços e tosses secas, enquanto a cirurgia no septo ocorreu para melhorar a condição respiratória do ex-presidente.

Também há previsão de procedimento nas alças intestinais. O ex-presidente já fez cinco cirurgias desde que levou uma facada em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial de 2018. O último procedimento ocorreu nos Estados Unidos, em janeiro deste ano.

No dia 9 daquele mês, um dia após os atos de invasão e depredação das sedes dos Três Poderes por seus apoiadores, em Brasília, ele sentiu dores abdominais e precisou tratar de uma aderência em uma hérnia incisional.






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